‘Tudo bem dizer que este é o meu valor’: Gal Gadot fala sobre sua carreira em Hollywood
- 24 de dezembro de 2020
Em entrevista ao USA Today, Gal Gadot fala de sua quarentena, da decisão de estrear Mulher-Maravilha 1984 tanto nos cinemas como na HBO Max, nos Estados Unidos, a moda da década de 1980 e como foi gravar este filme tão aguardado.
“Tudo bem dizer que este é o meu valor“: Gal Gadot fala sobre sua ascensão em Hollywood
Por Andrea Mandell para o USA Today
Vamos encarar, até a Mulher-Maravilha teve que controlar suas expectativas este ano.
Em um universo paralelo, Mulher-Maravilha 1984 poderia ter feito bilhões de dólares para uma dos personagens cinematográficas mais populares do Universo DC. Mas, nove meses após o início de uma pandemia cansativa, a sequência, em vez disso, laça uma espécie de marco de 2020: é o maior lançamento em streaming do ano, chegando na HBO Max (enquanto também é exibido nos cinemas estadunidenses) no dia de Natal.
“Chega um momento em que você só precisa tomar uma decisão e não foi fácil, acredite em mim“, diz Gal Gadot, 35, sobre a escolha impulsionada pela pandemia de colocar em plataforma de streaming o retorno da Mulher-Maravilha. “Mas, sabe, a ideia de ter famílias assistindo a este filme no dia de Natal aqueceu meu coração. E chegou o momento em que não sei quando os cinemas vão voltar.”
Mesmo em uma tela pequena, 1984 é grandiosamente imaginado: dirigido por Patty Jenkins, o filme permite um salto no tempo de 60 anos para o neon dos anos 1980, um retorno bastante plausível do já morto Steve Trevor (Chris Pine) , além de um novo vilão, o vigarista Max Lord (Pedro Pascal). A sequência também mostra uma inimiga inesperada (Kristen Wiig como Mulher-Leopardo/Barbara Minerva) para Diana Prince, que agora trabalha como antropóloga cultural para o Smithsonian em Washington.
Para constar, o plano sempre foi manter Steve por perto. “No primeiro, perto do final, Patty já estava pensando nisso. Lembro que ela veio ao set e disse: ‘Tenho uma ótima ideia de como você poderia voltar'”, diz Pine.
Gadot estava dentro. “Chris foi uma das razões pelas quais o primeiro filme foi um grande sucesso e foi estranho pensar em filmar outro sem ele“, diz ela.
Em 2017, Gadot e Jenkins quebraram recordes ao lançar a franquia Mulher-Maravilha, faturndo US$ 822 milhões globalmente: onde quer que a super-heroína de cabelos escuros mostrasse seu laço dourado, o público (e fantasias de Halloween) a seguia. Por sua vez, Gadot, nascida em Israel, tornou-se uma superestrela.
“É interessante a minha evolução pessoal com esse personagem“, diz Gadot. “O primeiro filme, quando me disseram que eu gravaria o meu próprio Mulher-Maravilha, pensei, ‘Meu Deus, eles vão descobrir que não sou uma atriz de verdade e que não consigo fazer isso. Eles vão descobrir meu blefe. E daí a Patty e eu o fizemos. Fizemos isso juntas.”
Depois de finalizar o filme da Primeira Guerra Mundial, Mulher Maravilha, Gadot continuou em sua esteira de super-heróis, filmando Liga da Justiça antes de filmar 1984. (Ela encaichou Morte no Nilo, também, que foi adiado para 2021.)
Os observadores da indústria ainda estão esperando para ver como o potencial de bilheteria de Gadot se desdobra fora dos filmes de super-heróis. “O status dela ainda é uma mercadoria desconhecida, embora em ascensão e com potencial ilimitado“, disse Jeff Bock, analista sênior de bilheteria da Exhibitor Relations. “É sempre uma aposta, quando você tenta se transformar de super-herói para civil.”
Dentro do Universo DC, fechar não faz justiça à parceria que Gadot e Jenkins estabeleceram. Gadot as descreve como uma família, seus parceiros e filhos se reunindo para jantares fora das câmeras. No trabalho, “agora somos como um único organismo“, diz Jenkins. “É uma loucura que ela esteja desse lado da câmera e eu do outro, mas estamos ambas indo exatamente na mesma direção juntas e fazendo isso perfeitamente“.
A sequência, recheada de nostalgia dos anos 1980 e centrada em um artefato cuja realização de desejo pode acabar com o mundo, é “ambiciosa“, permite Gadot, que também é produtora desta vez. “Se há algo que aprendi com essa experiência é que simplesmente não há atalhos. Nada acontece rapidamente. Até a minha revelação – levou 13 anos antes dela. Mas é por isso que eu estava pronta quando aconteceu.”
Durante o dia, Gadot suou em suas acrobacias de 1984, que eram em grande parte práticas, em vez de geradas por computador. As cenas de luta eram tão intensas que ela e Wiig viram seus punhos se conectando acidentalmente. “Faríamos essas cenas e ficávamos tipo, ‘Oh, desculpe, desculpe! Foi muito forte? Eu bati em você?’“, lembra Wiig.
Fora das câmeras, Gadot aprendeu a relevar em Hollywood, vendo que “não há problema em exigir ou pedir pelo quanto você vale… e que não deveríamos ter vergonha disso. Tudo bem dizer isso, esse é o meu valor e é isso o que eu quero. E isso, para mim, foi um processo. Porque, por padrão, eu gosto de agradar e não quero brigar com as pessoas, quero que elas gostem de mim.” Ela acrescenta: “Mas, por fim, aprendi que trabalho é trabalho.”
Gadot está falando amplamente, mas lança luz sobre a recente negociação do filme para ir para a HBO Max. Para conseguir que Gadot e Jenkins estivessem de acordo com um lançamento em streaming, as duas receberam uma oferta de US$ 10 milhões, de acordo com o The New York Times. O resto dos projetos da Warner Bros. de 2021 também foram logo transferidos para a HBO Max, alvoroçando a indústria.
“Em primeiro lugar, espero que essa decisão não dure um ano”, diz Gadot. “Espero que a decisão dure apenas durante o período da pandemia, porque estou realmente esperançosa de que dentro de um ano, o mundo estará de volta a si com as vacinas e tudo mais. Com a gente… rodamos o filme em 2018. O filme estava pronto há muito tempo e parecia que não tínhamos outras opções boas. Não queríamos esperar mais um ano com o filme. E sentimos que ele era mais relevante do que nunca.”
A própria pandemia de Gadot? Tem sido “uma montanha-russa“, diz ela, dividida em “capítulos” passados pelo mundo.
Na primavera, ela estava em Los Angeles, fazendo malabarismos com aulas de suas filhas, Alma de 9 anos e Maya de 3, no Zoom, lavando as compras e mantendo sua casa funcionando com o marido Jaron Varsano, com quem ela divide uma produtora. Neste verão, ela e sua família voaram de volta para Israel, que já havia superado a primeira onda: as escolas estavam abertas, os números eram baixos e parecia que havia “alguma sanidade, finalmente“, lembra ela.
Mas então, o outono a trouxe para Atlanta, onde ela filmou o suspense de ação Red Notice, com Dwayne Johnson e Ryan Reynolds. Sequestrada novamente com sua família fora do trabalho e se preocupando se ela ou a equipe de filmagem contrataíriam COVID-19 era desestabilizador. Após a finalização, a família retornou para sua casa em Los Angeles e se recuperou.
Criar duas filhas como uma das mulheres mais reconhecidas do mundo, Gadot parece determinada a manter as coisas simples. “Eu apenas tento ter certeza de que elas mantém os pés no chão e não sentem que têm direito a nada“, diz Gadot. “Sabe, eles limpam o prato delas e arrumam suas coisas.”
E isso está de acordo com a forma como aqueles que trabalham com Gadot a descrevem: notoriamente inalterada. “Gal é realmente um daqueles raros indivíduos no quesito que ela mesma é transparente. Ela é uma força da natureza brilhante, positiva – implacavelmente positiva“, diz Pine.
Quando Wiig chegou ao set, “Lembro-me de que nós três almoçamos no escritório de Patty e imediatamente começamos a falar sobre coisas íntimas e realmente pessoais e pareceu totalmente normal. Sentamos no chão e foi tipo, ‘Tá, essas são minhas garotas’“, diz Wiig, chamando Gadot de “uma das minhas amigas mais próximas agora.”
E com seu próprio filme no estilo James BondHeart of Stone, Gadot pode em breve embarcar em um novo capítulo em sua carreira de ação. Ou pelo menos, assim que o mundo esteja livre da COVID-19.
“Só espero que em breve isso seja resolvido e contido e recebamos as vacinas“, diz ela. “Espero que isso seja uma lembrança em alguns meses.”
