EW: Os segredos que prometem fazer de ‘Mulher-Maravilha 1984’ um sucesso
- 16 de fevereiro de 2020
Gal Gadot, junto de Mulher-Maravilha 1984, estampa a capa da revista Entertainment Weekly de março. Confira a tradução da longa entrevista com todo o elenco e produtores do longa na qual eles falam mais sobre seus papeis, a história do filme e as gravações. Ao final da página, veja o bate papo descontraído sobre o longa entre Gal Gadot, Chris Pine, Patty Jenkins, Kristen Wiig e Pedro Pascal, legendado.
Mulher-Maravilha 1984 chega aos cinemas brasileiros em 4 de junho de 2020.
Como uma história de amor ultra-secreta e uma armadura novíssima prometem fazer a continuação de Mulher-Maravilha um sucesso
Por Leah Greenblatt
Gal Gadot está esperando o para cruzar os braços (boosh). Os olhos se apertam, saltando levemente na ponta dos pés, ela flutua como uma borboleta e pica como uma rainha amazônica, ela se move silenciosamente pelo ar frio do estúdio cavernoso nos arredores de Londres, suas omoplatas crescendo em um conjunto de asas fundidas a ouro.
Quando a explosão acontece, ela é abafada, mas os soldados que emergem da explosão em equipamento de combate não parecem estar aqui para fazer amigos. Enquanto ela os despacha um a um, é impossível não imaginar quantos deles estão passando pelo ponto alto de suas vidas profissionais neste exato momento: homens que passarão os próximos 40 anos contando a cada primeiro encontro e companheiro de assento no avião sobre aquela vez em que foram aniquilados pela princesa guerreira de Themyscira.
“Ahhh, é tão desconfortável!” Gadot diz com uma careta bem-humorada, depois que a cena finalmente termina, removendo seus brilhante albatroz e vestindo seu robe cinza e botas Ugg que esperam por ela fora do set. É o mais próximo que a ganhadora do Miss Israel, de 34 anos, chegará de proferir uma palavra não alegre, mesmo depois de longas horas vestindo asas com envergadura que desafia as leis naturais da ortopedia e da maioria das aves.
Resistência, no entanto, está embutida na marca: uma gravação de meses já havia pulado dos penhascos espanhóis ensolarados de Tenerife para o subúrbio da Virgínia e, agora, de volta à úmida e fria Inglaterra, no início do inverno. No set de Mulher-Maravilha de 2017, Gadot lembra, ela e o co-ator Chris Pine cantavam Cold as Ice da Foreigner um para o outro para se manterem aquecidos entre as cenas; na sequência, que será lançada em 5 de junho, a ação se move dos campos de batalha em tons de cinza da Primeira Guerra Mundial para a era neon que deu origem a muitas faixas de cabelo e também à estrela principal do filme.
“Eu nasci em 1985, mas é engraçado, eu realmente me lembro,” diz Gadot em seu inglês com um leve sotaque, sentando-se em uma cadeira com encosto de lona, após ter acabado de deixar um batalhão de joelhos. “Provavelmente ainda mais por causa dos meus pais, mas foi uma década tão marcante na moda, na música, na política. E na aparência de tudo! As cores.”
Se você tivesse que escolher apenas uma da paleta, você poderia começar com o verde: a cor do dinheiro, é claro, mas também da inveja. “Em 1984, a América estava no auge de seu poder e orgulho,” diz a produtora associada Anna Obropta. “Computadores Apple e calças de tactel, riqueza, comercialismo, glamour, até violência, tudo era maior que a vida. Foi uma década de ganância e desejo, uma época de ‘Eu, eu, mais, mais, mais’.”
A diretora que retorna, Patty Jenkins, cuja mão segura ajudou a guiar o primeiro filme a uma aclamação quase universal e a mais de US$ 800 milhões nas bilheterias, elabora: “Era uma época em que nenhum custo havia aparecido ainda. Havia o medo da Guerra Fria,” ela admite. “Mas realmente foi tipo, ‘Isso vai durar para sempre!’ A sensação de que o mundo era essa abundância que nunca parava de conceder era tão grande.”
Talvez não tanto para a Diana de Gadot, uma mulher criada na era de escassez e sacrifício do último filme. Agora, trabalhando no Museu de História Natural, em Washington, D.C., ela vive em tranquilamente, ainda lamentando os amores que deixou para trás. “Ela não sofreu apenas a perda de Steve Trevor [Chris Pine],” explica o produtor Charles Roven (American Hustle, a trilogia de Cavaleiro das Trevas). “Ela perdeu quase todas as pessoas importantes para ela porque elas não são imortais, a vida dela é, na verdade, muito solitária e espartana. De fato, a única alegria que ela tem é quando ela está realmente fazendo algo pelas pessoas, se ela puder ajudar os necessitados. ”
Nesta década, porém, o limite entre desejo e necessidade é facilmente embaralhada. Daí entra Maxwell Lord, um magnata/guru que se consolidou com o próprio esforço, mostrado como uma mistura insidiosa de ícones dos anos 80, tanto fictícios (Gordon Gekko) quanto reais (Tony Robbins), por Pedro Pascal. “Max é um vendedor de sonhos,” diz o ator de 44 anos, mais conhecido por seus papéis em Narcos, The Mandalorian e Game of Thrones. “É esse personagem que engloba um componente da época que é, sabe: ‘Consiga o que quiser, da maneira que puder. Você tem direito a isso! ‘E, a qualquer custo, em última análise, o que representa uma grande parte de nossa cultura e esse tipo de ousadia – é ganância,” ele interrompe, rindo. “É ganância, é claro. Mas também trata-se de ‘Como você é o seu melhor eu? Como você vence?’ Então, ele é definitivamente o rosto dessa versão do sucesso.”
Se Diana é imune aos encantos de Lord, sua nova colega de trabalho Barbara Minerva, uma gemóloga tímida e socialmente desajeitada, interpretada com um charme natural atrapalhado e uma permanente frisada de Kristen Wiig, não é. Os fiéis dos quadrinhos saberão o que está por vir: uma transformação que transforma uma amiga em um dos mais formidáveis inimigos da Mulher-Maravilha. Era menos familiar, porém, para a atriz que a interpretou: “Eu realmente não sabia muito sobre a Mulher-Leopardo,” admite a estrela de longa data do SNL, de 46 anos. “Antes mesmo de falar com Patty [Jenkins], havia uma ideia de que talvez fosse sobre uma vilã do filme, então eu entrei na internet e procurei por todos os vilões da Mulher-Maravilha para tentar descobrir qual deles, porque eu estava muito animada,” ela ri. “E fiquei muito, muito feliz em descobrir que era ela.”
Isso significou fazer cenas de ação e com cabos de verdade pela primeira vez em sua carreira (“Tipo, fiquei dolorido por cerca de oito meses. Houve muitos banhos de gelo.“) e também assumir o que são, basicamente, dois papéis distintos: “Na verdade, nunca interpretei alguém que entra na sala e é dono dela, principalmente quando ela começa tão insegura e depreciativa,” ela confessa. “Nós não queríamos ver Barbara na Mulher-Leopardo e eu também não queria ver Kristen na Mulher-Leopardo.”
Jenkins nunca teve nenhuma dúvida de que Wiig era certa para o papel. “Tradicionalmente, a Mulher-Leopardo frequentemente é alguém que é amiga da Diana, mas tem inveja dela,” diz ela. “E eu sinto que Kristen está interpretando uma personagem que é as duas extremidades do espectro, ela é sua amiga calorosa e engraçada que é gentil e interessante e daí pode se transformar em algo completamente diferente. Sim, ela é uma mulher, mas ela veio direto da escola Gene Hackman, de Superman, de atores ótimos, engraçados e extraordinários. Eu não penso nela como sendo uma vilã, embora seja. Também me sinto assim com a Mulher-Maravilha. O componente feminino nisso é enorme, mas ela também é apenas uma heroína, uma heroína universal.”
E se Diana precisa enfrentar não um vilão formidável, mas dois, uma semideusa não merece um pouco de apoio? Steve Trevor, de Chris Pine, voltará, embora não haja um Laço da Verdade neste planeta que faça com que alguém do elenco ou da equipe revele exatamente como. Apenas saiba que seu amante-piloto de caça, de alguma forma, completou a jornada através do espaço e do tempo para se encontrar ao lado dela mais uma vez, e se ele tiver que usar uma pochete para fazer isso, bem, é exatamente isso o que um homem de verdade faz. “No primeiro filme, interpretei o soldado cansado do mundo que viu toda a depravação que a humanidade é capaz de mostrar,” diz a estrela do Legítimo Rei, de 39 anos. “E neste filme, eu posso ficar mais deslumbrado e alegre. Meu papel realmente é de amigo, amante, namorado e guarda-costas que está tentando ao máximo ajudar Diana em sua missão. Eu sou como o Watson para o Holmes dela.”
Embora exista muito mais do que uma tirada tosca na divertida química romântica entre Pine e Gadot que marcou o primeiro filme e o diferenciou de muitos dos filmes similares, focados em ação, essa conexão, e a fácil e igual troca de brincadeiras na tela, deve-se, pelo menos em parte, à pura sorte: “Não houve teste de química!” diz Gadot. “Honestamente, a gente apenas teve [química]… E embora outros homens poderiam se sentir intimidados pelo fato de não serem, sabe, o herói que os homens geralmente são, o Chris gosta disso e isso o desafia de uma maneira que é muito divertida e engraçada.”
De acordo com Jenkins, é exatamente por isso que ela o escolheu: “Ele não é nem um pouco beta. Ele é um super [macho] alfa que pode, com certeza, demonstrar o seu desconforto. Então, desde o primeiro dia, eu sempre dizia que deveria ser como se a Mulher-Maravilha conhecesse o Indiana Jones e que o Indiana nunca seria fragilizado. O Chris, muito naturalmente, possui essa qualidade. Você pode dizer, ao conhecê-lo, que ele é afetuoso e tranquilo e que ele realmente aprecia as mulheres.”
Pine também aprecia que a visão do filme sobre o romance não seja exatamente típica do gênero. “Às vezes, acho que os filmes de super-heróis podem achar que precisam encaixar uma história de amor apenas para riscar este item,” ele diz. “Enquanto que neste, é parte integrante da coluna vertebral da personagem principal. E essa é a Mulher-Maravilha, ela lidera com amor, compaixão e proteção e essas qualidades que acho que são nutridas por um relacionamento bom e forte.”
Mas mesmo o amor, é claro, não pode conquistar tudo, pelo menos não sem um pouco de metal pesado. É aí que entra a Armadura de Guerreira Dourada, icônica nos quadrinhos, que faz sua primeira aparição nas telonas aqui: Jenkins encontrou uma referência de soldados na Roma antiga para ajudar a solidificar a aparência da proteção; a figurinista ganhadora do Oscar Lindy Hemming (veterana de muitos Bonds e Batmans) passou longas horas trabalhando com designers e artesãos para definir várias repetições das famosas asas.
Algumas são feitas de uma fibra de carbono tensionadas à coluna, pesando mais de 20 quilos; um conjunto, destinado a ser colocado em computação gráfica mais tarde, se parece quase que com um tablet, uma espécie de tábua dos Dez Mandamentos mergulhados em platina; outro como um conjunto extremamente brilhante de persianas venezianas. Mas o mais importante, diz Hemming, era garantir que “à luz ela fosse sempre fluida, movendo-se. Há uma sensação de não planicidade… Porque nos quadrinhos, ela luta suas maiores batalhas vestindo o traje de ouro.”
Mesmo quando as apostas são altas, certas ocasiões ainda exigem o clássico vermelho e azul. Uma das primeiras cenas do filme mostra Diana chegando ao resgate no destino mais sincero dos anos 80, o shopping. A premiada designer de produção Aline Bonetto, que supervisionou os cenários do último filme (ela também é responsável pelos cenários marca registrada de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de 2001), tomou conta de um shopping recentemente fechado em Alexandria, Virgínia, e construiu 65 vitrines, incluindo as de várias marcas muito queridas e que não existem mais (descanse em paz, WaldenBooks). “Ver as antigas letras arredondadas no logotipo da Gap!” Wiig suspira feliz. “Era como se eu tivesse voltado para a minha infância. Eu era muito uma garota do shopping.”
Também há uma peça importante no set, no único lugar dos Estados Unidos que pode ser mais exaltado do que um bom shopping: a Casa Branca. Na época da visita da Entertainment Weekly, uma réplica parcial da Primeira Casa dos Estados Unidos havia acabado de resistir a um grande confronto entre a Mulher-Maravilha e Lord. As pinturas estavam tortas, as colunas de mármore estavam derrubadas e o drywall suja os pisos de mármore; parece que uma festa da fraternidade ou um grupo itinerante de gremlins vieram para o Lincoln Bedroom. “É engraçado,” diz Gadot sobre filmar cenas como essas com seus colegas de elenco, “quando fazemos as coisas de luta, nos expandimos e ficamos super durões. Mas aí, quando eles cortam, ficamos: ‘Oh meu Deus, você está bem, Booby? Ah não! Eu te arranhei, amiga?’”
As coisas são muito mais tranquilas no cenário do museu, uma estrutura moderna e elegante que contém os escritórios de Barbara e Diana. E, no apartamento desta, um espaço escassamente decorado que carrega os traços arrumados, mas levemente deprimentes de uma vida solitária: linhas limpas, cozinha vazia, guarda-roupa arrumado; seu único toque pessoal real, impressionantemente, é o punhado de fotos em preto e branco, uma ao lado da outra, em uma mesa lateral. É claro que, neste espaço, ela está a milhares de quilômetros literais e figurativos de casa. Entretanto, os fãs terão a chance de ver sua princesa guerreira de volta às margens turquesa de Themyscira, pelo menos na forma de uma lembrança, reunida com sua mãe (Connie Nielsen) e tia (Robin Wright), para o que pode ser melhor descrito como uma espécie de Jogos Olímpicos da Amazona.
A competição é igualmente acirrada, e bem menos amigável no final do filme, durante uma perseguição explosiva em alta velocidade através de um deserto no estilo Mad Max. (Mesmo que não seja exatamente a Estrada da Fúria, definitivamente não parece ser tranquila). Mas para Gadot, que deu à luz sua segunda filha apenas algumas semanas antes do lançamento da Mulher-Maravilha (sua barriga de grávida de cinco meses, como sabe-se, teve que ser removida através de tela verde das regravações), os longos meses de treinamento e sequências de luta contundentemente elaboradas valem os custos pessoais.
“Acho que quando comecei, não entendi a magnitude e o quanto essa personagem significa para as pessoas,” ela diz. “Eu estava me sentindo como a garotinha que deveria escalar o monte Kilimanjaro, coçando a cabeça e pensando: ‘Como diabos vou fazer isso?’ Mas agora, sinto que sei para onde estou indo e sei o que estamos fazendo. Se no primeiro filme Diana não entendia as complexidades da humanidade, agora ela entende completamente … Ela ama as pessoas e acho que essa é a chave para essa personagem, sabe? Ela tem os poderes de uma deusa, mas tem o coração de um humano.” E, também, as asas para fazê-la voar.
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