NY Times: Gal Gadot consegue fazer da Mulher-Maravilha a heroína da nossa época?
- 05 de maio de 2017
Com a estreia de Mulher-Maravilha acontecendo em menos de um mês, Gal Gadot e o filme são tema de diversas matérias online e fora da internet. Até o momento, este mês, Gal Gadot e Mulher-Maravilha estampam a capa de três revistas internacionais: Premiere Cine (México), Teaser Cinema (França) e SciFi Now (Reino Unido).
Hoje, foi a vez do jornal New York Times publicar a sua matéria. Traduzimos as partes mais relevantes sobre a trajetória de Gal Gadot e o filme que estreia em 01 de junho nos cinemas brasileiros.
por Roslyn Sulcas
A Mulher-Maravilha enrijeceu os ombros, olhou fixamente para a devastação causada pela guerra, então, começou a correr, segurando o seu escudo para o alto, contra uma chuva de balas vindas das armas alemãs.
“Isso! Vai Gal!” gritou Patty Jenkins, a diretora do novo Mulher-Maravilha, que estava envolvida por um casaco espesso e olhando para a ação no monitor. Minutos depois, Gal Gadot (pronunciado Gá-dote), a atriz israelense que interpreta a heroína que dá título ao filme, estava sendo coberta por seu próprio casaco acolchoado e recebia uma bebida quente, enquanto o cabelo dela e a tiara eram ajustados. “Brrrrrr,” disse Gadot com um sorriso. “Isso é divertido.”
A temperatura estava pouco acima do congelante em uma manhã de fevereiro do ano passado, do lado de fora dos estúdios da Warner Bros., em Leavesden, Inglaterra, e Gadot, vestida em seu traje de Mulher-Maravilha que consiste de bustier de couro, saia muito curta e botas até o joelho, havia finalizado a sua enézima tomada de heroísmo por um trecho de terra lamacenta.
“O frio, ugh, isso foi a coisa mais difícil em gravar o filme,” Gal Gadot disse durante uma entrevista em Los Angeles, no início de março. Alta e elegante, ela estava grávida de oito meses (desde então, ela já deu a luz sua segunda filha), com o cabelo preso para trás em um rabo de cavalo e sem maquiagem. Comendo ovos e frutas com anseio (“estou morrendo de fome o tempo todo“), ela conversou sobre seu papel que pode a tornar um nome reconhecido, após Mulher-Maravilha ser lançado em 2 de junho (1 de junho, no Brasil).
O filme será o primeiro de superheróis em mais de uma década a apresentar uma mulher como a personagem principal e é a primeira vez que uma diretora será responsável por um longa do tipo. E será, também, a primeira vez que a Mulher-Maravilha, uma personagem inspiradora datada de 1941 no universo da DC Comics, estrela um longa-metragem.
Quando perguntada se ela sentiu a pressão em ser a primeira atriz em muito tempo a ser a principal em um filme de super-herói, Gadot riu. “Quando você pergunta assim, sim!” ela disse. “Mas no final do dia, isso não pode ser o que me motiva. Eu tentei focar no que é importante para mim: o coração da personagem e como entregar o melhor resultado da maneira mais interessante.”
Gadot, que fez sua primeira aparição como Mulher-Maravilha em Batman v Superman: A Origem da Justiça (o segundo da série da Warner Bros. e do Universo Estendido da DC) é pouco conhecida dos cinéfilos e representa uma aposta para o estúdio. O Sr. Roven se recusou a dar um orçamento específico para o filme, mas disse que era o mais baixo para o que esses filmes custam. Batman v Superman custou cerca de 250 milhões de dólares.
Gadot, que cresceu em uma pequena cidade perto de Tel Aviv, “em uma família muito normal,” disse que ela nunca havia querido ser uma atriz quando era mais nova, apesar de que ela sempre gostou de se apresentar e teve aulas de dança desde cedo. “Durante um tempo, eu quis ser coreógrafa,” ela disse. Depois de terminar o ensino médio, ela foi persuadida a participar do concurso de Miss Israel. Para sua surpresa, ela ganhou e, posteriormente, passou alguns meses modelando, antes de se tornar uma instrutora de combate no exército israelense durante os dois anos do serviço obrigatório.
Após deixar o serviço militar, ela começou a faculdade de direito. “Um diretor de elenco viu meu cartão na minha agência de modelos e queria fazer um teste comigo para o papel de Bond Girl,” ela se recorda. “Eu falei, ‘Eu não sou uma atriz, é em inglês, é inútil.’ Eu literalmente fui para deixar meu agente feliz.” Ela não conseguiu o papel, (ele foi para Olga Kurylenko), mas o processo de retorno de ligações e testes de câmera despertaram o interesse dela pela atuação.
Ela começou a fazer aulas de atuação e, meses depois, ela conseguiu um papel em uma série de TV israelense. Depois, ela conseguiu o papel na franquia Velozes e Furiosos. “Eu tive muita sorte, mas eu não sinto como se eu tivesse estourado,” Gadot disse. “Eu cheguei a um ponto, logo antes de Mulher-Maravilha, que eu tive tantos ‘quase’, ótima audição, ótimos testes em câmera, mas (eu era) sempre a segunda opção, que eu estava pronta para desistir e voltar para a faculdade de direito.”
O marido dela, Yaron Versano, a persuadiu a aguentar e, bem nesse momento, Gadot recebeu um telefonema da Warner Bros. para audição para um papel sem nome que acabou sendo a Mulher-Maravilha em Batman v Superman. Depois de “seis semanas de tortura“, Gal Gadot ficou sabendo que ela tinha o papel e começou um treinamento físico intensivo para entrar em forma para o papel. Embora ela soubesse que um filme solo de Mulher-Maravilha era uma possibilidade, ele ainda não era confirmado. “Acho que eles precisavam ter certeza que eu conseguia aguentar,” ela disse.
O caminho para um filme da Mulher-Maravilha tem sido longo para a Warner Bros., com vários projetos em desenvolvimento que datam de meados da década de 1990 e com muitos diretores, incluindo Joss Whedon, ligado a momentos diferentes. No final de 2014, após relatos de que o estúdio estava procurando uma diretora, Michelle MacLaren assinou com o projeto, mas o deixou alguns meses mais tarde, citando diferenças criativas. O estúdio voltou-se para Jenkins, mais conhecida por Monster: Desejo Assassino.
“Eu estive conversando com eles sobre Mulher-Maravilha por 10 anos,” disse Jenkins em uma entrevista recente. “Eles estavam interessados, mas tinham uma certa ideia do que eles queriam fazer e não achavam que eu era a diretora certa. Então, acho que eles perceberam que queriam, sim, ir na minha direção.”
Essa direção, disse Jenkins, era “uma história de origem bastante direta, fiel ao espírito positivo da Mulher-Maravilha, uma grande história de amor, um bom senso de humor.”
Para esse fim, Mulher Maravilha é fiel, disse ela, à lenda contada pelos quadrinhos originais. Diana Prince, nascida na ilha de Themyscira, habitada só por mulheres, é treinada como guerreira amazônica e vê um homem pela primeira vez, quando um piloto americano, Steve Trevor (interpretado por Chris Pine), cai na ilha e fala de um mundo em guerra. Depois que a ilha é atacada, Diana decide ir com Steve para tentar parar a guerra. (O único desvio da história original, disse Jenkins, foi mudar o período da Segunda Guerra Mundial para a Primeira Guerra Mundial.)
A atriz disse que após conseguir o papel, os fãs criticaram os seus seios por serem muito pequenos. Ela disse que, frequentemente, ela é perguntada sobre como conciliar seu pequeno traje com a mensagem do filme. (Ano passado, a Organização das Nações Unidas retirou a Mulher-Maravilha do posto de embaixadora honorária para as mulheres e garotas, após dezenas de milhares de pessoas se opuseram a isso, com uma petição que citava, entre outras coisas, sua imagem nos quadrinhos.)
“Acho que como uma feminista, você deveria ser capaz de vestir o que quiser!” Gal Gadot disse. “Em qualquer caso, há um mal-entendido do conceito. Feminismo é sobre igualdade, escolha e liberdade. E os roteiristas, Patty e eu, todos achamos que a melhor maneira de mostrar isso é mostrar Diana como não tendo a noção dos papéis sociais. Ela não tem limites de gênero. Para ela, todos são iguais.”
Jenkins, a primeira mulher a dirigir um filmes de super-heróis de grande orçamento, respondeu com um firme não, quando perguntada se ela sentiu como se todos os olhares estavam voltados à ela, “Eu não penso sobre isso,” ela disse, “Eu só queria fazer um filme sobre uma personagem ótima e universal e não ser levada para baixo com problemas.”
Mas Robin Wright, que interpreta a tia de Diana e mentora, Antiope, disse que ela achava sim que um filme de super-heróis sobre uma mulher, dirigido por uma mulher, era um momento divisor de águas. “Éramos a maioria, eles eram a minoria,” ela disse. “Havia muito estrogênio no set! Foi muito bom ter um bando de garotas fazendo o filme. Foi muito trabalho físico árduo e muita diversão.”
Refletindo sobre fazer o filme, Gal Gadot disse que, como mãe de duas meninas, ela sente orgulho em ter interpretado uma heroína que pode oferecer um novo modelo. “Temos visto tantas histórias impulsionadas por homens, então, quanto mais narrativas de mulheres fortes tivermos, melhor,” ela disse. “Tenho certeza que o filme inspirará garotas, mas você não pode empoderar mulheres sem empoderar os homens também. Espero que a Mulher-Maravilha seja um ícone para eles, também.“
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