Deadline | Mulheres em Hollywood: Patty Jenkins e Gal Gadot
- 13 de dezembro de 2017
Gal Gadot e Patty Jenkins estampam uma das três edições da revista impressa do site Deadline que homenageia as mulheres em Hollywood. A revista que está em circulação nos Estados Unidos a partir de hoje (13) também mostra Dee Rees e Mary J. Blige (Mudbound) e Greta Gerwig e Saoirse Ronan (Lady Bird: É Hora de Voar). Confira a matéria traduzida.
Mulheres em Hollywood: Patty Jenkins e Gal Gadot formaram a conexão instantânea que deu poder a Mulher-Maravilha
O primeiro dia que Patty Jenkins e Gal Gadot se conheceram, elas entraram em um restaurante de sushi e não pararam de falar por 4 horas. “Nós duas somos apaixonadas por tantos assuntos,” diz Gadot, “A vida em família, a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, os humanos, a raça, a política. Estávamos tristes, felizes e emocionadas.”
Essa conversa ainda está em andamento. Meses após o filme delas, Mulher-Maravilha, se tornar o maior sucesso do verão, a dupla ainda efervesce com a química, tanto que falam em sincronia. Elas não apenas concordam, elas se sobrepõem, ambas as vozes enchendo a sala ao mesmo tempo, como duas harmoniosas guitarras.
“Percebemos muito rapidamente que queríamos fazer a mesma coisa,” diz Jenkins. Elas sonhavam em fazer um clássico, um filme de super-heróis no estilo Richard Donner – “um filme cujos ganhos compensasse o estúdio por seus filmes menos lucrativos do ano anterior” – que era emocionante, romântico, engraçado e, acima de tudo, inspirador. Jenkins não contratou Gadot. A estrela já fazia parte da franquia, após a breve estréia da Mulher-Maravilha, em Batman v Superman: A Origem da Justiça. No entanto, ambas sabiam que desde o primeiro encontro elas eram uma dupla feita em Themyscira.
Gadot ri, “Estávamos destinadas a estarmos juntas.”
Desde então, elas se aproximaram mais. Elas gravavam seis dias por semana e no sétimo dia se encontravam com as crianças. No meio das gravações, após meses de cenas de ação, chuva e exaustão física, quando o joelho de Gadot começava a doer, o de Jenkins também doía. “O relacionamento se tornou simbiótico,” diz Gadot. “Se o meu ombro direito estava doendo, o ombro esquerdo dela estava doendo. Ela estava espelhando a minha dor.”
Gadot ganhou os músculos doloridos de uma estrela de ação. Mas, para se preparar para as cenas de batalha, ela e Jenkins se preocupavam mais em calibrar os sentimentos internos da Mulher-Maravilha do que a coreografia de ação dela. Pergunte a elas sobre as gravações da sequência central da Terra de Ninguém, um ballet em câmera lenta de balas, canhões, braceletes e escudos. Jenkins concentra-se nas cenas de conversa, antes da carga perigosa, e na frustração da Mulher-Maravilha em receber não continuamente.
“Eu não pensava em como eu batia ou atacava,” diz Gadot. “Sempre era, ‘Qual é o meu estado emocional? Por que eu vou fazer isso?’” Jenkins pedia que Gadot ajustasse a ira da Mulher-Maravilha, geralmente pedindo que ela a diminuísse um pouquinho.
“Ela não é violenta,” diz Jenkins. Assista atentamente e veja Gadot usando a espada dela para golpear os alemães com uma apunhalada não-fatal. O publico não está acostumado com sucessos de bilheteria que param a história durante as cenas de ação para que as pessoas comemorem. Mas observe os movimentos de Gadot e veja como a Mulher-Maravilha revela dimensões da personalidade dela, mesmo quando ela está correndo silenciosamente por um campo.
“A história não para porque você está lutando,” diz Jenkins. “A luta é a história.”
“Exatamente!” diz Gadot. “Para… Para…” Ela acena as mãos, procurando a palavra certa.
“Se comover?” supõe Jenkins, lendo a mente dela.
“Sim! Para se expressar!” Gadot sorri, batendo em seus joelhos em deleite.
“Atuar é tão corporal,” diz Jenkins. “Estamos lendo milhões de tipos de micro-pistas sobre outro ser humano e o que eles querem. Como ela está parada, como ela está se sentindo, como ela está se sentindo por dentro, como ela está abordando [algo], essas coisas sutis. As falas dela são apenas uma parte disso.”
A Mulher-Maravilha anda com confiança, porque ela acredita que o mundo é gentil. E quando é revelado que não é, a linguagem corporal dela muda. Agora, a confiança dela está sobreposta ao sacrifício e a determinação, emoções nas quais Gadot pensou muito, antes de gravar cada tomada, para que quando ela estivesse no momento, ela não precisaria estar consciente deles. Ela se imaginou vestindo as qualidades da Mulher-Maravilha quase que como um segundo traje. A vida interior da personagem disse a ela como se mexer.
Aquela cena crucial na torre de controle, quando a Mulher-Maravilha descobre que matar Ares não resgata a humanidade de toda a sua ânsia por violência, foi uma das mais difíceis de acertar. Os humanos crescem acreditando que somos capazes tanto do bem quanto do mal. A Mulher-Maravilha achava que éramos melhores do que isso, uma inocência que é muito estranha para as pessoas adultas, que pode ser interpretada como ignorância. “É fácil se sentir com ar de superioridade,” diz Jenkins. Gadot não estava apenas lutando contra o Deus da Guerra, ela tinha que lutar contra o cinismo do público.
“Coisas de grandes atuações, onde cada mudança emocional sensível importa, não acontecem da noite para o dia,” diz Jenkins. Ela se vira para Gadot e sorri. “De vez em quando elas acontecem! Como a dança!” ela diz, pensando na cena em que Gadot e Pine dançam na praça da cidade de aldeões libertados. “Essa foi a coisa mais fácil!”
Gadot estala os dedos, “Tipo, da primeira vez!”
“Tanto ela quanto o Chris [Pine] são muito espertos,” diz Jenkins. “Como resultado, a rapidez da dinâmica deles, a velocidade das coisas pequenas, como o movimento dos olhos dela e o tempo de reação, é incrível para mim.”
“Eu tenho muita, muita, muita sorte de que o mundo se assegurou de que Patty dirigiria esse filme,” diz Gadot, radiante. A atriz fica irritada, quando as pessoas pensam que Jenkins era a diretora certa para Mulher-Maravilha só porque ela é uma mulher. “Não, Patty era a diretora certa porque ela sabia exatamente o que queria e como conseguir,” insiste Gadot. Jenkins esteve pelos sets desde que tinha 20 anos, construindo seu currículo, desde operadora de câmera até diretora de curta-metragem, para a diretora mais bem paga de um filme de sucesso desde, bem, sempre, graças ao salário dela para o próximo Mulher-Maravilha 2.
Além disso, Jenkins nunca para de gravar até que ela tenha a tomada perfeita. “Patty sempre dá mil por cento dela,” diz Gadot, de modo que todo mundo no set se torna igualmente dedicado, a ponto de que quando a estrela teve que regravar cenas enquanto estava grávida de cinco meses, a barriga dela pintada de verde para que pudesse ser removida, a futura mamãe se atirou no chão para um golpe na cabeça, na maior boa vontade. Eles decidiram não repetir isso para a segunda tomada.
No último dia de gravação, Jenkins estava ainda mais perfeccionista do que o normal. Era o aniversário do criador da Mulher-Maravilha, William Marston (pura coincidência), e tudo o que eles precisavam era a cena final de Gadot agachada no chão. Mas Jenkins não conseguia parar de pedir para repetir a tomada. Será que Gadot poderia se inclinar mais para a frente? Ela poderia levantar o outro pé? As posições ficavam mais e mais estranhas. Certamente, eles tinham as gravações? Jenkins teve que segurar o riso. Ela simplesmente não queria que o filme terminasse.
“Ela fez uma pegadinha comigo!” grita Gadot. Ambas começaram a rir. A Mulher-Maravilha poderia ter descoberto o problema mais cedo com o laço da verdade. Mas a atriz não se importa nem um pouco.
Inicio » Ensaios Fotográficos | Photoshoots » 2017 » 022 | Josh Telles
Inicio » Revistas | Magazines » 2017 » Dezembro | AwardsLine
- Notícia anterior: Melhores momentos do painel de Liga da Justiça na ACE Comic Con
- Próxima notícia: Gal Gadot receberá o Prêmio See Her no Critics’ Choice Awards