GQ Itália: ‘A Mulher-Maravilha está longe da perfeição’, diz Gal Gadot

  • 03 de junho de 2021

Gal Gadot apareceu no recheio da revista italiana GQ em janeiro deste ano, quando Mulher-Maravilha 1984 estreou no país. Confira a seguir a entrevista na íntegra, bem como as imagens da revista.

Bom trabalho

Como uma personagem de quadrinhos dos anos 1940 se torna atual? Tirando a sua aura de perfeição e fazendo-a saltar 40 anos: Gal Gadot estrela novamente o novo Mulher Maravilha. E com uma aula de circo.

Por Roberto Croci

Antes de se tornar a heroína cinematográfica mais querida do universo feminino, inclusive das meninas, Gal Gadot era uma ex. Ex-estudante de direito, ex-Miss Israel, ex-soldado, ex-dançarina, ex-esportista, ex-aspirante a Bond girl. O fracasso em 007 a levará ao set de Velozes e Furiosos como a ex-agente Mossad, Gisele. Daí para sua próxima etapa como Mulher-Maravilha é história. E agora, Gadot está de volta na sequência Mulher-Maravilha 1984 (esperado na Itália a partir do final de janeiro de 2021).

A Diana Prince/Mulher-Maravilha, criada por um psicólogo e um artista em 1941, é a primeira super-heroína da DC Comics: quem é ela, na visão de Gal Gadot?
Uma heroína com poderes extraordinários, claro, mas sua força também vem do coração, que é muito humano e, portanto, vulnerável. A Mulher-Maravilha está longe da perfeição invencível: ela é uma pessoa curiosa, preocupada e insegura, como todas nós. Da minha parte, não queria que ela fosse boa demais: para mim, ela também tem uma alma sombria, não muito perfeita.

Entre o primeiro filme e este, na narrativa, se passaram 66 anos.
Anos que deixaram a Mulher-Maravilha muito solitária: ela perdeu seus queridos amigos e também sua equipe. Mas, a esta altura, ela terá que enfrentar a Mulher-Leopardo, a grande vilã, que é interpretada por Kristen Wiig: ambas veem no inimigo as qualidades que invejam e nesse momento coisas incríveis acontecerão. É um filme de entretenimento que transmite esperança, amor, mudança; ideal depois de um ano sombrio como o que acabou de passar.

Durante seu serviço militar em Israel, você foi treinadora dos soldados. Como você se preparou para lutar no filme?
Patty Jenkins, a diretora, me levou para ver o Cirque du Soleil para me fazer entender como ela queria a coreografia. Ela queria que minhas cenas de ação fossem encenadas enquanto eu estava pendurado em cabos, para me dar aquela graça que não aparece nas lutas entre homens. Ela não queria que eu lutasse como homens, como acontece nos filmes de super-heróis, mas sim como uma acrobata: então ela tornou isso muito original. E aí vem o toque final: o dos figurinos.

No puro estilo dos anos 80?
Cabelo exagerado, muitas cores, um certo tipo de música e as roupas originais retiradas dos desfiles da década, peças de Chanel, Dior, Ralph Lauren. O que não é como dizer: vestir uma fantasia de super-herói não é tão simples quanto vestir a roupa de qualquer personagem. Os tecidos não são simples tecidos, mas sim materiais super técnicos: plástico e metal que se misturam ao seu corpo para facilitar o movimento natural.

Por que o título de 1984?
Porque foi o ano dos excessos, principalmente no mundo financeiro. Tínhamos tudo, mas queríamos mais: uma ambição doentia e muito atual, se pensarmos na administração de certos governos.

E quanto a música? No trailer de lançamento está a música do New Order, Blue Monday.
Ela reflete a ingenuidade de Diana Prince, seu senso de admiração ao descobrir o mundo: a trilha sonora, disco e dance, falará muito da evolução da Mulher-Maravilha.

O primeiro filme ensinou as meninas a confiar na humanidade.
Isso inspirou a todos: ouvi pais dizerem que seus filhos gostariam de se ser como a Mulher-Maravilha. Sempre falamos de igualdade: é educando os futuros homens que vamos empoderar as mulheres e poderemos alcançar a igualdade. Gosto que esta seja uma história que interessa independentemente da idade, raça e cultura do espectador.

Ele te influenciou também?
Somos todos um. Quando tenho um problema, fico imaginando o que Diana faria.

Com seu marido, Jaron Varsano, você fundou a Pilot Wave: o que vocês vão produzir?
Histórias de mulheres extraordinárias, como a série sobre Hedy Lamarr para a Apple TV. Hedy era de uma beleza única, mas também era uma gênia: ela estava por trás do sistema de modulação para codificar informações em frequências de rádio que foram usadas para redes wi-fi.

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