Glamour UK | “A Mulher-Maravilha funciona porque ela trabalha com o coração”
- 08 de novembro de 2017
Gal Gadot estampa a capa da revista Glamour UK de dezembro. Em uma matéria de 10 páginas (a maioria fotos), Gal Gadot fala (pouco) sobre seu novo filme Liga da Justiça, (muito) sobre Mulher-Maravilha, como chegou a ser atriz (e quase desistiu), entre outros assuntos interessantes.
As imagens da revista e da sessão de fotos com o fotógrafo Matthias Vriens McGrath podem ser conferidas ao final da página.
Gal Power
Gal Gadot bateu o record de bilheteria deste verão, após chegar perto de desistir de atuar. Estamos felizes que ela continuou.
Por Helen Whitaker
Gal Gadot e eu estamos virando amigas por causa do assunto que surge, inevitavelmente, quando ambas têm crianças pequenas: privação de sono. “A minha filha também não dormiu entre 1 da manhã e 2:30,” ela diz, com simpatia, telefonando da casa dela em Tel Aviv, Israel. “Os dentes estão saindo.” A voz dela rouca, mas sedosa, ligeiramente com sotaque é tão cativante em pessoa como é quando a ouvimos na tela, como Diana Prince, também conhecida como Mulher-Maravilha. “Pelo menos eles deixam elas fofas, não dá para ficar muito brava quanto a isso,” ela ri.
É apropriado que estejamos falando sobre a filha de Gal, Maya, já que ela estava grávida da bebê de, agora, 7 meses, enquanto gravava Liga da Justiça, que estreia esse mês (bem como nas regravações de Mulher-Maravilha, que foram feitas após o término de Liga da Justiça e exigiram que ela vestisse uma barriga para a tela verde, sobre o traje dela, para que eles pudessem remover a gravidez dela das cenas). Mas, para Liga da Justiça, ela estava no início, “Foi desafiador, com a enxaqueca e os enjoos matinais,” ela diz. “Mas você se adéqua. Você se acostuma a se sentir uma merda e ter que atuar.”
Isso também é uma prova de que não há um “bom momento” para engravidar (com a vida e o trabalho sempre entrando no caminho de poder vomitar em paz, ou nesse caso, chutar traseiros e laçar os maus). Gal, 32 anos, na verdade planejou isso assim: “Eu planejei ela para que eu não estivesse muito grávida em Liga da Justiça ou quando eu fosse promover Mulher-Maravilha,” ela diz. “Eu tive muita sorte. Foi difícil, mas eu estava querendo um segundo filho há algum tempo.” (Ela e o marido, um homem de negócios, Yaron Versano também têm uma filha, Alma, de 6 anos.)
Apesar de afirmar que ela está “no estágio pós-gravidez, quando o seu cérebro secou,” Gal é uma excelente companhia, no set da sessão de fotos da capa da Glamour, onde o seu passado como modelo era claro, enquanto ela posava como profissional.
As pernas dela iluminaram o Instagram, assim como as botas Saint Laurent must-have que ela estava usando, quando postamos uma prévia da sessão. Mas assim que a câmera parou, ela voltou a ser a Gal da casa ao lado, rindo com a equipe e falando sem parar sobre as filhas dela e sua futura viagem a Israel, sua terra natal.
É justo dizer que Liga da Justiça, a resposta da DC Comics a Os Vingadores, é muito mais interessante por ter a Mulher-Maravilha na lista de salvadores do mundo, ao lado de Batman (Ben Affleck), Aquaman (Jason Momoa), Superman (Henry Cavill), e The Flash (Ezra Miller). [nota da tradução: esqueceram do Cyborg , de Ray Fisher] Mas ela não será esquecida na história: “Bruce Wayne e Diana Prince são os que saem e recrutam a Liga, é um filme divertido,” é tudo o que ela dirá. “E fazer um filme com tantos homens, eu nunca me senti tão protegida. Homens grandes!”
Pode ser que eles sejam homens grandes, mas a bilheteria estava em mãos seguras, no verão [norte-americano] passado: Mulher-Maravilha se tornou o filme live-action de maior arrecadação de uma diretora, faturando £625 milhões (aprox. R$ 2.8 bilhões) nos cinemas. E não só ele se tornou o terceiro filme em arrecadação da Warner Bros de todos os tempos, nas bilheterias dos Estados Unidos, também foi um sucesso da crítica, algo que não pode ser dito de Batman v Superman.
O público se identificou muito com Diana Prince e provou (novamente) que eles, homens, mulheres ou uma mistura de ambos, estão interessados em filmes impulsionados por mulheres. De verdade, quantas vezes temos que provar isso, antes de realmente acontecer?
Ainda assim, por que a Mulher-Maravilha, por que agora e por quê tanto amor? Compaixão é a teoria de Gal, “Me lembro de uma citação da Princesa Diana que ela acertou em cheio. Ela disse que ela trabalhava com o coração e não com a cabeça e acho que essa é a Mulher-Maravilha, Diana Prince é assim. Eu sei que uma das Dianas era real e a outra não, mas a Mulher-Maravilha é uma personagem tão boa porque ela trabalha com o coração. Ela só quer o bem e o fato de ela ser forte, poderosa e a guerreira mais icônica não tira a feminilidade dela.”
“Acho que essa é a força das mulheres: que podemos ser fortes, não quero dizer só fisicamente, mas também fisicamente, mas ao mesmo tempo podemos nos conectar com as nossas emoções e ser sincera e honesta. Essa é a nossa força. Durante toda a nossa vida, estamos expostos a super-heróis incríveis, mas nunca a uma super-heroína realmente boa, acho que a Mulher-Maravilha realmente captura a beleza do que significa ser uma mulher.”
O sucesso de bilheteria certamente cai bem a Gal e desde que Mulher-Maravilha se tornou não só um filme, mas um momento cultural, o telefone dela tem tocado sem parar. Mas ela cumpriu suas obrigações por tempo suficiente, para não levar isso a sério demais. “Estou super agradecida, pois eu sei que isso tudo é um grande jogo e as regras são conhecidas com antecedência,” ela diz. “Quando você tem sucesso, o telefone vai tocar; se um filme fracassa, haverá grilos. Então, vejo isso tudo com cautela e aproveito enquanto dura.”
Gal agora divide o tempo dela entre LA e Tel Aviv, mas ela nasceu em Israel em 1985 e cresceu lá. Ela foi coroada Miss Israel com 18 anos, então esteve por um período de dois anos no serviço obrigatório das Forças de Defesa de Israel como treinadora de combate. Daí, ela foi para a faculdade de Direito, desistindo após um ano, para seguir carreira de atriz. “Você se convence a fazer essas coisas,” ela diz, sobre a sua decisão de estudar Direito e então imita o próprio processo de pensamento: “‘Serei uma advogada para poder trazer a paz e as pessoas poderão chegar a um acordo.’ Enquanto que, na vida real, advogados lidam com conflito sem parar. Conflitos não são bons para mim. Eu sou toda sobre a harmonia e Zen. Então, estou feliz que não deu certo.” Ela ri. “Eu seria a pior advogada de todas.”
Mas houve um momento não muito tempo atrás que ela quase desistiu de atuar, também. Os créditos dela incluíam uma personagem convidada na franquia de Velozes e Furiosos e algum trabalho na TV em seu país natal, mas o constante ciclo de rejeição teve seus efeitos. “Antes de conseguir Mulher-Maravilha, eu estava pensando em nunca voltar a Los Angeles,” ela diz. “Ficar em Israel, trabalhar como atriz aqui e ali, voltar à universidade e fazer outra coisa. Porque houveram tantos ‘nãos’. Você vai a um teste e você recebe uma ligação de volta, aí outra ligação, aí um teste de câmera e as pessoas ficam te dizendo que a sua vida vai mudar se você conseguir esse papel. Aí você não consegue. Eu cheguei em um lugar que eu não queria mais fazer isso. Meu marido tem muito trabalho em Tel Aviv e tínhamos uma filha, então levá-los a LA para procurar emprego punha muita pressão em mim. Eu ficava, ‘Por que estou fazendo isso?’ Ouvindo não de novo e de novo, eu ficava pensando, ‘Para que eu sirvo?’ E foi quando eu consegui Mulher-Maravilha.” E essa é uma razão e tanto para se manter nisso, e juntas, ela e a diretora Patty Jenkins provaram ser a equipe dos sonhos.
“Quando eles levantaram o embargo das críticas de Mulher-Maravilha, era 9 da noite em LA e eu estava colocando a minha filha para dormir,” ela diz. “Geralmente, ela deita as 20:30, mas naquela noite, claro, ela não conseguia dormir e me pediu para sentar com ela. Eu disse, ‘Alma, eu vou sentar com você, mas terei que deixar meu computador ligado.’ Quando eles levantaram o embargo, eu fiquei comovida, chocada, muito feliz. O primeiro telefone que eu dei foi para Patty. Eu comecei a gritar imediatamente. Eu disse, ‘Patty, conseguimos, cara, conseguimos juntas, saiu e eles amaram!’”
Foram três meses de negociação para conseguir Patty Jenkins de volta para Mulher-Maravilha 2 (resumo: Patty inexplicavelmente teve que lutar para ganhar paridade salarial com o diretor de Liga da Justiça e Batman v Superman, Zack Snyder), mas quando ela foi contratada, ela se tornou a diretora mais bem paga em Hollywood. “Eu acho que é merecido,” diz Gal enfaticamente. “é ótimo para ela, mas também é algo maior. É uma missão, ela está tentando trilhar o caminho para mais mulheres terem a oportunidade de dirigir e, uma vez com essa oportunidade, serem pagas tanto quanto os homens. É ridículo que diretores recebam mais do que diretoras, não faz o menor sentido, quando a pessoa faz o mesmo trabalho e especialmente se o filme é bem sucedido.”
Mulher-Maravilha 2 está previsto para ser lançado em 2019 e programado para começar a gravar no próximo verão, mas Gal começará a treinar 6 meses antes. Se for parecido com o seu último regime, ele envolverá seis horas de treinamento diário: duas de cavalgada, duas de academia e duas de artes marciais. (“Foi realmente exaustivo,” ela diz o eufemismo do século.) Mesmo que você não tenha assistido o filme em 3D, o físico dela de Amazona super em forma apareceu na tela. Mas isso não impediu que os aparentes ‘puristas de personagens’ dissessem que Gal não tinha tanto peito quanto a encarnação da Mulher-Maravilha das histórias em quadrinhos (mesmo que a dica sobre o motivo disso esteja na frase ‘história em quadrinhos’.) Gal não tem tempo para body-shamers, mas admite que demorou uma década para chegar a essa mentalidade.
“Eu comecei a ficar exposta todos os trolls na internet, quando ganhei o concurso de Miss Israel,” ela diz. “As pessoas escreviam coisas malvadas como, ‘Você se parece com uma vassoura com a cabeça de uma abóbora.’ E eu tinha 19 anos e ficava, ‘Pareço?’ Mas quanto mais experiência você tem, menos você liga e com Mulher-Maravilha eu só achei isso engraçado.” A voz dela ganha um tom de zombaria. “Sério, vocês se importam tanto com a Mulher-Maravilha, mas estão ficando chateados que eles me escolheram porque meus peitos não são tão grandes quanto os das histórias em quadrinhos e minha bunda não é tão curvilínea? Foi engraçado para mim.”
Os fãs pelos quais ela está mais interessada são os de verdade, particularmente as mulheres e meninas que dizem a ela o quanto significa para elas ter uma super-heroína retratada na telona (procure no Google o vídeo de Gal conhecendo uma jovem fã na Comic Con, te desafio a não derramar uma lágrima de felicidade) e ela está aré feliz com o termo precário “modelo”. “Eu gosto de conhecer os fãs. Eles são o motivo de o filme ter tido tanto sucesso,” ela diz. “Mas estou ciente da responsabilidade de atrair tanto atenção pública e estar exposta a tantas pessoas e, principalmente, estou ciente do impacto que as coisas que você diz e faz pode ter sobre os jovens. Eu me importo muito com isso e sou muito sensível quanto a isso, ou pelo menos eu tento ser.”
Então, para ela tudo bem ser reconhecida, na maioria das vezes (“Eu não posso mais ouvir a palavra selfie,” ela suspira). Mas não chegue perto dela em um funeral. “No cemitério,” ela diz sobre o lugar mais estranho em que lhe pediram uma foto. Como você reage a isso? Ela ainda parece um pouco perturbada, para ser sincera. “Fiquei perplexa, aí eu disse, ‘Vamos ser rápidos, para que ninguém veja.’ É tão estranho.”
Antes que a divulgação de Liga da Justiça comece, ela está tendo um tempo de folga (“Vamos à praia todas as manhãs e fazemos paddleboard. É tão bom estar de volta em casa, com as pessoas que eu amo, amigos e familiares. Sou uma garota bastante simples.“). Há muito mais selfies por vir, quando os tapetes vermelhos começarem, mas talvez não hajam muitos saltos. Para a turnê de divulgação de Mulher Maravilha, ela usou tanto rasteirinhas quanto saltos, incluindo um par de sandálias X40 Aldo, para a estréia de Hollywood.
“Foi engraçado, porque durante alguns anos tive conversas com outras atrizes perguntando, ‘Por que temos que usar salto altos?’” ela diz. “Eu adoro usar saltos, mas por outro lado, o fato de termos que usar me incomoda. Eu pensei, ‘Ninguém vai saber se estou usando saltos, porque o vestido é tão longo. Posso muito bem me sentir confortável’. Então, quando eu usei, ficou ótimo e decidimos fazer um Boomerang mostrando minhas rasteirinhas. Ela foi muito falada e estou feliz por isso. Não vou não usar saltos nunca mais, mas gosto do fato de que podemos usar o que quisermos.”
A ligação fica abafada. “O cachorro fugiu com uma das chupetas da bebê,” Gal grita. Ela tem que ir. Uma mulher, não uma super-heroína. Mas ainda assim, bem maravilhosa.
Tradução: Gal Gadot Brasil
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