Walla: Gal Gadot, uma mulher de valor
- 28 de maio de 2021
O jornalista israelense Amit Slonim, e sua filha de 5 anos, Neil Slonim, tiveram a oportunidade de entrevistar Gal Gadot durante a divulgação de Impact with Gal Gadot. O relato a seguir mostra a interação mais fofa e de dar inveja a todos nós entre a atriz e uma pequena fã.
Há três semanas, foi publicado no Walla! Cultura uma entrevista abrangente com Gal Gadot. Hoje, por ocasião da volta do cinema às nossas vidas depois de mais de um ano, lembramos de uma entrevista completamente diferente que fizemos com a estrela de Hollywood, que foi focada, principalmente, no encontro de Neil Slonim, de 5 anos, com a super-heroína adorada.
Eu era uma criança de cerca de 5 anos. Desci para jogar bola no parque perto da minha casa e então o vi. Julian Shagran. Foi um momento significativo para uma criança pequena: ver alguém da TV na vida real. Sem pensar muito, corri para uma papelaria. Comprei um caderno marrom, antigo, que custava cerca de 30 centavos e um lápis por mais alguns centavos e corri de volta para o parque. Ainda bem que Julian ainda estava lá.
Passei a meia hora seguinte tentando descobrir como pedir um autógrafo a ele. Como você aborda um cara como Julian Shagran? Ele ao menos fala? Afinal, ele é um mímico. E que tipo de nome é Julian? Talvez ele não saiba hebraico? E mesmo que soubesse, ele concordaria em me dar um autógrafo? Por fim, Julian pegou seus filhos e começou a ir em direção ao carro, então eu decidi abordá-lo, mesmo quando ele estava cercado de crianças e se parecesse ainda maior para mim. Entreguei a ele o caderno e a caneta e disse: “Pode me dar um autógrafo?” E é claro que ele sorriu, sinalizou e fez uma cara engraçada que eu me lembro até hoje. Esta foi a primeira e última vez que pedi um autógrafo.
Lembrei-me do caderno de autógrafos órfão recentemente, pouco antes do quinto aniversário de Neil, minha filha mais velha. Com seu jeito doce e inocente, Neil pediu para convidar Gal Gadot para sua festa. Não a Mulher-Maravilha, não a Diana Prince, a Gal Gadot. Um ano inteiro assistindo aos filmes da nossa conterrânea surtiu efeito. Foi apenas uma progressão natural de pura admiração infantil. Assim como a que me fez vestir como Michael Jackson na idade dela. Ingenuidade em um nível quase criminoso.
Tudo começou quando ela pediu uma boneca da Gal Gadot, continuou quando ela pediu para se vestir de Gal Gadot no Purim e eu pensei que tinha acabado quando ela pediu para passear pelas ruas do bairro residencial de Gal Gadot, que está convenientemente localizado a curta distância de nossa casa. Mas então, pouco antes dos cinco anos de idade, a garota criativa e cheia de imaginação teve que entender a diferença entre o mundo da verdade e o mundo dos sonhos. Gal Gadot não virá no seu aniversário, tivemos que dizer a ela. Nem todos os nossos desejos se realizam. Foi de partir o coração. Foi um momento de Papai Noel inexistente, em uma versão hebraica moderna.
Certa vez, o ator Steve Bushmy foi questionado sobre o que Deus é para ele. “Deus? Bem, reconheça que você quer algo de todo o coração e, então, feche os olhos com força e ore para que aconteça? Deus é quem ignora tudo.” Gal Gadot, ao que parece, é incapaz de ignorar as orações de garotinhas. Em algum lugar da casa de Gal Gadot, um sino toca e avisa sempre que um fã está com o coração partido.
O destino queria e, na véspera do meu aniversário de estreia, eu tinha uma entrevista marcada com Gal Gadot. Informação: divulgação da série documental Impact produzida por Gadot em conjunto com o marido Yaron Versano para a National Geographic. A série consiste em vários episódios curtos, de cerca de 12 minutos cada, que são distribuídos gratuitamente na página da rede no YouTube. No centro da série: mulheres fortes e inspiradoras. Às vezes meninas, mas sempre mulheres. Comuns, anônimas, das regiões menos chamativas do mundo.
A woman who has lost her twin sister in Corona and is helping others deal with loss through surfing; A 19-year-old from Puerto Rico who was badly affected by the natural disaster that befell the country, and set out on a journey to bring clean water to the whole world; A girl from the angry streets of Michigan who finds an outlet through ice skating and writing mind-blowing poetry. This is a kind of reality version of Wonder Woman. Women without superpowers, extraordinary beauty or endless means – who still manage to do good in the world around them.
Uma mulher que perdeu sua irmã gêmea para a COVID-19 e está ajudando outras pessoas a lidar com o luto através do surfe; Uma garota de 19 anos de Porto Rico que foi gravemente afetada pelo desastre natural que se abateu sobre o país e que partiu numa jornada para levar água potável a todo o mundo; uma garota das ruas violentas de Michigan que encontra uma saída através da patinação no gelo e escrevendo poesias de arrepiar. Esta é uma espécie da versão da realidade da Mulher-Maravilha. Mulheres sem superpoderes, beleza extraordinária ou recursos infinitos que ainda conseguem fazer o bem no mundo ao seu redor.
Isso é diferente de qualquer coisa que Gal Gadot já fez antes em sua carreira. Eu a lembrei que ela havia definido o primeiro filme da Mulher-Maravilha com a palavra “amor” e o segundo filme com a palavra “verdade”. Perguntei a ela com que palavra ela definiria Impact. Ela escolheu a palavra “bem”. Bondade. É difícil pensar numa palavra melhor para o programa, para as mulheres que participam dele e, sim, para a mulher por trás dele também.
Em um mundo onde a palavra “influenciador” geralmente descreve uma pessoa com muitos seguidores nas redes sociais, o verdadeiro significado dela mudou. A série Impact de Gal Gadot mostra que não é o seu dinheiro e, certamente, não é o seu número de seguidores, mas o que você escolhe fazer com a sua influência. Não é por acaso que o mundo inteiro olhou para os pilares sociais de Gadot, durante os combates em Gaza. As pessoas queriam ouvir o que ela tinha a dizer. Ela publicou uma mensagem de fraternidade, paz e oração para acabar com a violência. Muitos estavam com raiva dela, de ambos os lados. O extremismo tomou conta do discurso. Mensagens de reconciliação são vistas como traição. As coisas são assim.
Pergunto quem é a mulher que mais a influenciou na vida e ela esclarece que não há ninguém. “Tenho a minha mãe que foi um grande exemplo e modelo. Ela foi e ainda é uma professora e, principalmente, criou a mim e minha irmã Dana para nos amarmos, termos confiança e confiarmos em nós mesmas. Ela nos deu um grande senso de habilidade. E tinha a minha avó, a mãe dela, que sempre foi a líder da tribo feminina e uma grande dona de casa que cuidava de tudo. E há muitas outras mulheres: Angela Merkel, Madonna que cresci admirando na minha loucura, Maya Angelo. Há um milhão de versões de mulheres que me influenciaram.”
Enquanto Neil a encara com admiração na tela, pergunto se ela percebe que está se tornando parte dessa cadeia de mulheres poderosas. Em uma escala que vai de Maya Angelo a Madonna, Gal Gadot e certamente sua personagem cinematográfica já tem um lugar de honra. “Nunca penso nisso. Não é algo que me incomode,” diz Gadot com um sorriso envergonhado no rosto. Isso não é falsa modéstia. Assim como ela é natural e agradável ao se encontrar com os fãs, também se envergonha quando tento mostrar para ela a visão geral. “Eu não estou lá. Eu realmente tento me concentrar apenas em fazer e nessas coisas e menos em todos os títulos e artigos.”
The interview was conducted on the eve of Neil’s birthday. I did not know exactly how it would be conducted so I prepared it as honestly as I could: “Dad is going to talk to Gal Gadot today, you can join him, but without interruption.” In an instant, in a scene that looked like it was from a comic book, Neil ran to her room, and left it after a minute as Wonder Woman. That included everything. Uniforms, boots, a golden belt, silver hand protectors, a tiara and of course the true lasso. In one hand she held a Wonder Woman doll, in the other she held her night lamp, with the famous franchise logo. “I’m ready,” she said, “promise not to interfere.”
A entrevista foi realizada na véspera do aniversário de Neil. Não sabia exatamente como seria conduzida, então a preparei da forma mais honesta possível: “Papai vai falar com Gal Gadot hoje, você pode se juntar a ele, mas sem interrupções.” Em um instante, em uma cena que parecia tirada de um gibi, Neil correu para o quarto dela e o deixou depois de um minuto como a Mulher-Maravilha. Isso incluía tudo: uniforme, botas, um cinto dourado, braceletes prateados, uma tiara e, claro, o verdadeiro laço. Em uma das mãos ela segurava uma boneca da Mulher-Maravilha, na outra, seu abajur, com o famoso logotipo da franquia. “Estou pronta“, disse ela, “prometo não interferir.”
Nossa conversa foi através do Zoom e eu era o último da fila, depois de muitos jornalistas de todo o mundo e também de Israel. Imagine quanta paciência uma pessoa precisa para sentar e responder a uma infinidade de perguntas basicamente idênticas, sabendo que suas palavras perdem o significado assim que saem de sua boca. A facilidade que alguém pode distorcer suas palavras, tirá-las do contexto. Seria muito fácil machucá-la. Para ibope, alcance ou poder momentâneo sem sentido. O quão alerta uma pessoa precisa estar para lidar com isso. Quanta energia o sorriso educado exige dela, mesmo para o 84º estranho daquele dia, tentando provocá-la com alguma pergunta única.
Felizmente, Gal Gadot é feito de outras coisas. Seu charme pessoal é real e inimitável. É uma pena que seu charme não possa ser sintetizado e espalhado de aviões pelo Oriente Médio. Talvez isso tivesse resolvido todos os nossos problemas. Se fôssemos todos um pouco menos humanos e um pouco mais Gal Gadot, este mundo poderia ter sido um lugar muito melhor para se viver. Você acha que estou exagerando e pareço um fã extremo? Provavelmente é verdade, mas é porque ainda não contei o que aconteceu na entrevista.
Gal Gadot está facilmente no top 5 das pessoas menos feias que me disseram: “Olá, amigo” na vida, eu respondi “Oi, amiga”. Comecei com uma pergunta boba sobre como foi ser a “filha de Dudu Topaz” na série “Dolls” (Bubot), mas antes mesmo que eu pudesse terminar a pergunta, uma das grandes estrelas de Hollywood percebeu a pequena Mulher-Maravilha sentada ao meu lado.
“Que fofa,” disse a estrela, virando-se para a aniversariante, “Qual é o seu nome?“. Neil, que prometeu não incomodar, olhou em choque para a mulher que ela mais admira no mundo e sussurrou em voz baixa: “Neil.” Esta seria a última sílaba que ela conseguiria pronunciar naquele dia. “Neil? Que nome lindo!“, a Mulher-Maravilha sorriu para ela, sem uma gota de intolerância.
Uma das mulheres mais famosas e reverenciadas do mundo ficou conversando por um minuto e meio com uma menina de 5 anos que a adora. Dizer que ela foi “cordial e charmosa” seria um eufemismo. Ela reconheceu na garota a timidez natural que sentimos quando conhecemos grandes pessoas da vida e se despediu com uma humanidade calorosa e tão evidente.
Foi um ato para ela, mas não no sentido teatral da palavra, mas no mais puro e infantil. Não houve falsificação no vínculo imediato formado entre a menina e a estrela. Neil mostrou a ela seus brinquedos da Mulher-Maravilha, o figurino e até como ela sabe fazer os movimentos icônicos do cinema. Gal respondeu com entusiasmo. Ela sabe que há outro bilhão de garotas no mundo que a adoram, mas agora toda a sua atenção está voltada para uma delas.
Na tentativa de manter o mínimo de profissionalismo, perguntei como ela havia entrado na área de produção e se pretendia continuar nessa direção. “Isso é algo que me atrai tanto quando atuar“, ela explica, “É algo que me dá a capacidade de escolher a história que quero contar. Isso me dá a capacidade de me envolver. É exatamente o lugar que me dá a oportunidade e é muito divertido. É muito diferente de atuar. É onde me deixa mais animada e me sinto como uma menina, como a Neil.”
Neil, surpresa ao ouvir o nome dela saindo da boca de uma super-heroína, levanta a cabeça com entusiasmo. Mais tarde, descobri que o que a surpreendeu naquele momento foi descobrir que ela falava hebraico. “É outro poder que ela tem“, ela me explicará mais tarde naquela noite, “Ela pode falar todas as línguas.” Não me atrevi a consertar.
Lembro Gadot que, no final das contas, as meninas não admiram os produtores, mas admiram as atrizes. “Verdade, mas a coisa da produção é que ela lhe dá a chance de contar coisas que são importantes para você e que lhe interessam.” Ela explica: “Muitas mulheres que estavam na frente das câmeras agora estão indo para trás delas e produzindo séries e filmes.”
A entrevista ocorreu no mesmo dia em que outro artigo foi publicado sobre o suposto abuso do produtor Joss Whedon em relação a atriz. Estou tentando entender se o movimento MeToo, que começou como resultado dos ataques sistemáticos do superprodutor Harvey Weinstein, tem algo a ver com a era de ouro da produção feminina.
“Com certeza isso acontece muito mais hoje do que quando comecei a atuar“, diz Gadot, acrescentando diplomaticamente que, como nunca foi um homem em papel de produção, ela não sabe se é ainda mais difícil para uma mulher em uma posição sênior em Hollywood, “Eu só sei disso de uma perspectiva feminina, mas é uma mudança positiva o fato de que isso existe e se tornou uma coisa tão comum.”
Meu tempo com Gadot está se esgotando rápido, isso pode estar relacionado ao fato de um terço da entrevista ter sido dedicado à aniversariante que perdeu a fala. Já entrevistei dezenas de pessoas mais ou menos importantes na vida, vivo disso. Esta foi a entrevista mais curta que já fiz, mas também a mais emocionante e humana. Foi impossível tirar o sorriso do rosto de Neil por semanas. Ela ainda conta às pessoas como conversou com Gal Gadot em seu aniversário e que ela a chamou de fofa e disse que tinha um nome lindo. “De verdade mesmo”, ela sempre enfatiza, tentando deixar claro que não foi um sonho ou uma fantasia.