Marie Claire Brasil: Gal Gadot fala sobre maternidade e sua rotina de trabalho
- 30 de outubro de 2021
Gal Gadot é a capa e o recheio da revista Maria Claire Brasil (chegou nossa vez!) de novembro de 2021. Em uma ótima entrevista conduzida por Camila Lima, a atriz falou sobre a maternidade, sua rotina de trabalho e seus futuros projetos.
Em entrevista à Marie Claire, a atriz israelense fala sobre a gravidez na pandemia, a rotina como mãe de três filhas, carreira e outros detalhes que fazem dela verdadeira Mulher Maravilha
Por Camila Lima
Não é fácil encontrar a Mulher Maravilha. E não por causa do avião invisível que ela usa para se locomover nos desenhos animados. Pegar Gal Gadot – a atriz israelense de 36 anos que desde 2016 dá vida à heroína mais famosa do multiverso – no laço para uma entrevista requer dedicação, além de uma generosa quantidade de e-mails e mensagens de WhatsApp trocados com os assessores, agentes e secretários pessoais da estrela, que negociaram cada minuto desta entrevista de capa.
Não é para menos. Um dos nomes mais requisitados de Hollywood, Gal alcançou, em 2020, o terceiro lugar na lista das atrizes mais bem pagas da indústria cinematográfica, atrás apenas de Sofia Vergara e Angelina Jolie. E, diferentemente da personagem de quadrinhos que catapultou sua carreira, gasta boa parte de seu tempo em boeings de verdade, quase sempre na longa rota de 15 horas que separa Los Angeles de Tel Aviv, onde mora oficialmente.
Sua agenda, que nunca foi fácil, está ainda mais complicada estes dias. É que em 12 de novembro ela estreia Alerta Vermelho, o longa-metragem do Netflix de orçamento mais alto até hoje – leia-se U$ 200 milhões –, em que dá vida a Bispo, uma ladra de obras de arte, a primeira vilã de sua carreira.
“Foi muito interessante viver uma personagem que não é pura nem vive pelo bem, como a Mulher Maravilha. Como toda atriz, gosto de explorar a mais variada gama de emoções possível”, explica.
Como já de praxe em sua carreira, desde que estreou em Velozes e Furiosos, em 2009, o filme é recheado de cenas de ação, com armas, lutas, helicópteros e perseguições, que a atriz executa tão bem.
Dirigido e escrito por Rawson Marshall Thurber, Alerta Vermelho conta a história de um agente da Interpol, papel de Dwayne Johnson, que vive à procura de dois dos ladrões de arte mais procurados do mundo, interpretados por Gal e Ryan Reynolds. “Bispo é atrevida, engraçada e nada correta. Bem diferente de tudo que havia interpretado até então”, conta a estrela. O coleguismo no set também colaborou para o fato de ela ter gostado tanto da experiência. “Tanto Rawson quanto Ryan já eram meus amigos, havíamos trabalhado juntos em Velozes e Furiosos. Os dois são supertalentosos, além de muito engraçados”, completa. Não precisa dizer que os atores formaram uma trinca de protagonistas perfeita no filme que mistura ação e comédia. Não tem como não botar também nessa conta os U$ 20 milhões que presume-se que cada um deles tenha ganhado.
Previstas para começar no início de 2020, as filmagens de Alerta Vermelho, como tudo, foram atropeladas pela pandemia de covid-19. A retomada só aconteceu em setembro de 2020 e trouxe alívio à vida da atriz. “Foi um período de tanta negatividade e incertezas que voltar a trabalhar dava a sensação de que a vida entraria nos eixos”, conta.
Nascida em Petah Tikva e criada em Rosh HaAyin, ambos distritos vizinhos e próximos a Tel Aviv, em Israel, Gal é filha de uma professora e um engenheiro. Tem um pouco de sangue polonês e austríaco, um pouco de alemão e tcheco. Sua ascendência é asquenaze [a maior comunidade judaica do mundo, de origem europeia]. Fala hebraico, inglês e é formada em biologia. “Minha irmã [mais nova] e eu tivemos uma educação maravilhosa. Apesar de protetores, nossos pais sempre nos permitiram ser livres e incentivaram que fôssemos independentes para traçar nossos caminhos”, conta.
Graças a esse suporte, Gal viveu muitos papéis na vida real. Foi babá e trabalhou em fast-food até se tornar, aos 18 anos, miss Israel. Outro detalhe curioso de seu currículo diz respeito aos dois anos em que integrou as Forças de Defesa de Israel, serviço militar obrigatório entre as mulheres de seu país. Por lá tornou-se instrutora de combate e adquiriu princípios que acabaram sendo determinantes nas personagens que viveu. E, não, não estamos falando (só) do fato de ela saber pegar em armas.
“Mais do que qualquer ensinamento ou habilidade física que eu tenha desenvolvido nos anos de exército, minha maior lição lá dentro foi a de entender a importância do coletivo, do trabalho em grupo. Isso é fundamental na vida de quem faz cinema”, afirma. “E não falo apenas sobre essa necessidade dentro do elenco. As pessoas que trabalham por trás das lentes, dos eletricistas aos maquiadores, sempre os primeiros a chegar e os últimos a sair, são essenciais no meu trabalho. É preciso ser sempre atencioso com elas, só assim somos capazes de atuar de forma eficiente”, completa.
Family First
O final de 2020, ano em que o mundo vivia um período de medo, isolamento social e lockdown, marcou a vida da estrela por um motivo extra. Gal e seu marido, o empresário Jaron Varsano, com quem é casada desde 2008, se viram grávidos do terceiro bebê da família – Daniella hoje tem cinco meses, Alma, 10 anos, e Maya, 4. “Esses tempos foram muito desafiadores e trouxeram diferentes realidades que tivemos que enfrentar. Mas, ao mesmo tempo, acabaram me energizando e me deixando mais forte para aceitar os desafios”, diz.
A amamentação faz parte dessa lista. Sua foto com a bomba de tirar leite enquanto se maquiava no set, que ganhou quase 2,5 milhões de curtidas em seu perfil no Instagram, representa bem o momento. “Tenho a sorte de que, para cada projeto longo que eu faça – e eles normalmente são assim –, levo todos comigo. Costumo dizer que somos como uma família de circo, que sempre viaja junto.” Aos olhos da atriz, a ajuda de sua própria família e a do marido são essenciais para seu sucesso profissional. “Como disse, acredito no poder do coletivo, em qualquer instância e em qualquer núcleo. Não é simples atuar e fazer uma cena de humor quando um filho seu ficou doente ou você não dormiu quase nada na noite anterior”, diz. Quando vê a luz vermelha da câmera acesa, no entanto, ela se transporta. “Tento me concentrar apenas naquilo, e deixo para descansar depois”, conta. Ajuda bastante o fato de Jaron e ela compartilharem o propósito de oferecer uma vida saudável às meninas. “É exaustivo para todos nós, vivemos equilibrando pratinhos”, afirma.
Longe das viagens e dos sets, a atriz faz tudo para sua vida ser a mais corriqueira possível e defende a rotina como método educacional. “Quando estou em casa, tento fazer as mesmas coisas sempre. Acordo cedo, arrumo as lancheiras das meninas e as preparo para a escola. Daí, geralmente vou malhar e ficar com minha bebê. Depois, faço ligações e reuniões. Pelo menos agora, como tudo acabou em Zoom, ficou mais fácil”, diz. E o turno tem hora para acabar. “Tento sempre terminar o meu dia cedo, para poder buscar as crianças na escola”, afirma. Gal conta ainda que, na vida real, adora os papéis de cozinheira e dona de casa. “Amo fazer da minha casa um lar e passar meu tempo assim.” No fim do dia, depois de colocar as filhas para dormir, ela volta a ler scripts e resolver assuntos de trabalho. Até o dia seguinte, lhe restam cinco horas de sono, se tanto. “Quando consigo dormir tanto tempo, já me dou por feliz.”
Mulheres Extraordinárias
Além da consolidada carreira de atriz, a israelense também comanda, desde 2019, a Pilot Wave Motion Picture, produtora que abriu com o marido. Foi nela que realizou um dos projetos mais significativos de sua carreira, o documentário Impacto. Lançado em maio deste ano pela National Geographic, a série de seis episódios, produzida parcialmente durante a pandemia, conta histórias de mulheres que vivem em áreas marcadas por violência, pobreza, opressão e desastres naturais ao redor do mundo, e que estão impactando positivamente suas comunidades. “Num período de tanta negatividade, trazer alguma luz e inspirar os outros a talvez agir e fazer coisas boas foi extremamente gratificante”, diz. “Tirei os holofotes de mim e os coloquei sobre mulheres extraordinárias, de origens difíceis e que lidam com os desafios da vida de forma heroica. Todas donas de uma determinação inabalável e compromissadas em melhorar a vida das pessoas ao seu redor”, explica. Uma das histórias documentadas se passa no Brasil e conta a trajetória da dançarina de balé Tuany, de 23 anos, que montou uma companhia de dança para meninas no meio de uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, no Morro do Adeus, parte do Complexo do Alemão. Os outros episódios se passam em Porto Rico, em Michigan, na Califórnia, na Louisiana e no Tennessee.
Além de produtora executiva, Gal estreia agora na carreira de escritora. É dela o argumento de seu próximo filme, que terá direção de Patty Jenkins, a mesma de Mulher Maravilha. Dessa vez, a ação, gênero que a consagrou, dá espaço ao drama – a atriz viverá a instigante Cleópatra. “Sempre fui fascinada pela história do Egito, um lugar progressista tanto na medicina quanto na matemática. Evidentemente, a figura de Cleópatra, central na história dessa civilização, sempre me atraiu muito”, conta. Quem espera mais do mesmo vai se surpreender. “Essa personagem sempre foi retratada sob o ponto de vista dos romanos, que não gostavam dela. Vamos celebrá-la de uma maneira muito especial. Acho que teremos algo épico”, completa.
Do outro lado da linha, escuto que meu tempo com Gal, infelizmente, havia terminado. Ainda queria saber de seus medos, suas impressões do Brasil e se algum dia imaginava ir tão longe. Prestativa e simpática, a atriz tenta responder às minhas perguntas com frases rápidas e objetivas. Nesse dia, ainda tem um compromisso com a imprensa e, na sequência, precisa colocar as filhas para dormir. Ficamos assim com o possível – e seguimos ambas equilibrando pratinhos e tentando abraçar o mundo. Cada uma a seu modo.
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