Gal Gadot para a Harper’s Bazaar: “O caminho para a fama é cheio de desafios, obstáculos e momentos complicados”

  • 22 de fevereiro de 2025

Gal Gadot é a capa e o recheio da revista Harper’s Bazaar España de março. Na entrevista, Gal Gadot falou sobre a maternidade e o “susto” que levou com a gravidez de sua quarta filha, Ori. A atriz também comenta que não se deslumbra com a fama e que procura criar suas filhas de maneira normal.

Confira a matéria traduzida e adaptada pelo GGBR a seguir e as fotos por David Roemer.

O renascimento de Gal Gadot: “O caminho para a fama é cheio de desafios, obstáculos e momentos complicados”.

Desde a cirurgia de emergência que a fez “renascer” até a desmistificação do sucesso e da fama, a estrela de Hollywood confessa sobre o ano que mudou tudo para ela, por ocasião da estreia da nova adaptação do clássico da Disney, Branca de Neve.

Por Carlos Megía / Fotografia: David Roemer / Styling: Sandy Armeni / Vídeo: Stefan Vleming

À primeira vista, parecia uma festa de aniversário totalmente comum. As paredes estavam decoradas com motivos infantis festivos, um “feliz aniversário” disposto em forma de uma lagarta e o número 1 presidindo um bolo de morango e chantilly que acabaria espalhado pelo rosto sorridente da homenageada, Ori. Mas essa não foi apenas mais uma comemoração qualquer. Para sua mãe, Gal Gadot (Petaj Tikva, Israel, 1985), teve um significado muito especial: “Foi como um segundo aniversário para mim, porque é como se eu tivesse experimentado uma espécie de renascimento“, lembra ela, enquanto tenta conter a emoção repentina. Há pouco mais de um ano, em seu oitavo mês de gravidez da pequena, Gadot foi submetida a uma cirurgia de emergência devido a uma trombose cerebral ‘massiva’. Pouco antes de entrar na sala de cirurgia, ela decidiu que o nome de sua filha seria Ori – “minha luz” em hebraico – porque ela seria o brilho que iluminaria o final daquele túnel. Hoje, totalmente recuperada, ela reconhece que o episódio mudou algo dentro dela: “Ter uma experiência tão próxima da morte fez com que eu me sentisse mais grata e mais presente em minha própria vida, tento me lembrar todos os dias de desacelerar e fazer as coisas no meu próprio ritmo“.

Mas não é uma tarefa fácil juntar todas as peças em uma agenda digna do modo difícil do Tetris. A atriz que se tornou um ícone da geração millennial graças ao seu papel em Mulher-Maravilha retorna aos holofotes com uma personagem no mínimo tão mítica quanto a da história em quadrinhos. Em Branca de Neve (20 de março nos cinemas), a adaptação em live-action do clássico da Disney em que ela contracena com Rachel Zegler, ela se cerca de maçãs envenenadas e espelhos mágicos para dar vida à Rainha Má, a madrasta malvada da protagonista. Faltando apenas alguns dias para a estreia, Gadot, que conversou com a Harper’s Bazaar por videoconferência de sua casa em Los Angeles, ainda está maravilhada com a oportunidade de protagonizar o filme que assistiu várias vezes quando era criança. “Eu era uma garotinha do Oriente Médio que nunca, em seus sonhos mais loucos, teria imaginado que se tornaria atriz, muito menos que interpretaria personagens tão incríveis.” Exaltada como símbolo mainstream do empoderamento feminino, Gadot se afasta da heroína que decorou as paredes de toda uma geração de jovens e aproveita sua faceta como antagonista. “Quando você dá vida ao personagem nobre, tem que seguir um caminho determinado, fazer o que é certo e dizer as palavras adequadas, mas sendo a vilã, você tem mais detalhes e cores com os quais brincar. É muito divertido porque você pode fazer coisas que não faz na vida real. No seu dia a dia, você não se permite ser cruel e malvada; você precisa se transformar completamente para interpretar alguém tão diferente de você“.

À primeira vista, sua trajetória também é digna de um conto de fadas moderno. Aos 18 anos, ela venceu o concurso de Miss Israel, competiu no Miss Universo e se mudou para os Estados Unidos para seguir sua vocação pela advocacia, enquanto fazia trabalhos esporádicos como modelo. Durante seus dois anos cumprindo o serviço militar obrigatório, ela conheceu Jaron Varsano, um empresário do setor imobiliário, e em 2008 ela disse “sim” a ele. Um diretor de elenco bateu à sua porta, e foi sua familiaridade com o manuseio de armas que lhe garantiu o papel de Gisele na saga Velozes e Furiosos. Quando estava prestes a desistir e deixar Los Angeles, cansada do fato de seu sotaque limitar suas opções ao estereótipo de “garota internacional”, ela recebeu o convite para estrelar Mulher-Maravilha, que arrecadou mais de 800 milhões de euros no verão de 2017. Era isso, ela tinha conseguido. “As pessoas veem principalmente o sucesso, a fama e a glória, mas esse caminho é cheio de desafios, obstáculos e momentos complicados“, ela me corrige. “É um trabalho muito árduo e muito estressante, por isso sempre digo a mim mesma que tenho que aproveitar a jornada.

A maternidade tem sido um desses desafios. Embora poucas atrizes no topo da Meca do cinema optem por priorizar a família em relação à carreira antes de completar 40 anos, ela já fez isso quatro vezes. Além de Ori, Alma (13), Maya (7) e Daniella (3) realizaram o desejo da atriz de ter uma família grande acima de qualquer ambição profissional. “Sei que paguei um preço, mas é inevitável“, reflete. “Já perdi papéis porque estava grávida ou porque tinha acabado de ter um bebê e não podia trabalhar, mas a vida é assim, todos priorizam. É interessante porque meu marido costuma me dizer que quanto mais sucesso tenho, quanto mais alto a pipa voa, maior é minha necessidade de fincar raízes no chão.” Gal faz uma pausa e reflete: “Deve ser por causa da minha personalidade, sempre quis ser normal. Tento criar minhas filhas de forma normal, para que não acreditem que têm direito a tudo só porque somos famosos.

São elas, precisamente, a quem Gadot se dirige quando é questionada sobre a pressão a que foi submetida como uma das estrelas de Hollywood mais desejadas dos últimos anos. “Eu digo às minhas filhas que não importa a nossa aparência, o que realmente importa é o que sentimos, o que fazemos e o que pensamos“, afirma, vestida com um moletom e leggings – mais tarde ela treinará para se preparar para seu próximo projeto – e exibindo o rosto lavado e o cabelo presos. Longe de interrogar o seu espelho sobre a identidade da mais bela do reino, ela diz que não se importa com qualquer pressão sobre sua aparência física ou o efeito do tempo sobre ela. “Meus pais me ensinaram a não ficar obcecada com isso. Lembro que dançava muito na minha juventude e até cortava as minhas camisetas porque eu só me preocupava em poder me movimentar bem e me divertir com meus amigos, não com A minha aparência. As redes sociais tornaram mais difícil ser adolescente: os filtros, os tutoriais…

Hoje em dia, as garotas têm uma imagem muito falsa sobre a beleza.” Foi a partir desse impulso para diminuir a credibilidade das imagens retocadas que dominam as redes, que nasceu seu desejo de compartilhar em sua conta do Instagram a experiência vivida com seu coágulo cerebral. “Se eu mostrar apenas os projetos que estou filmando e as viagens que faço, e tudo for grandioso, maravilhoso e espetacular, e nunca compartilhar meus momentos difíceis ou de vulnerabilidade, sinto que estou contribuindo para um jogo falso que faz com que quem o veja se sinta mal, quando a verdade é que eu também me sinto mal às vezes. Eu quis mostrar que nada nem ninguém é perfeito. Não existe uma vida perfeita“, acrescenta.

No último ano, seu nome também tem dominado as manchetes da imprensa política por ser uma voz ativa na defesa e na lembrança das vítimas dos ataques do Hamas em território israelense em outubro de 2023. Com um tom ponderado e um semblante sério, consciente da complexidade do assunto, Gadot anseia pela libertação imediata dos reféns e reitera seu desejo de um “acordo diplomático que permita que todos os lados da mesa vivam uma vida boa e próspera“. “Sei que sua clichê, mas assim como eles estão nos ensinando a odiar, com o crescimento do antissemitismo, também podemos ensiná-los a amar. Quero acreditar que o amor é a força que move o mundo. A guerra é uma derrota para todos. O ódio é horrível. É tóxico para quem está de fora e para quem odeia“. Será que ela não perdeu a fé nesse discurso após todo o sofrimento que assolou Gaza e Israel no último ano e meio? “Não podemos nos dar ao luxo de perder a esperança, porque se não, o que resta?“, responde. E conclui: “Dizem que é sempre mais escuro antes do amanhecer, então espero que esse lugar tão terrível em que estamos agora realmente nos conduza à mudança que todos nós buscamos. A luz vencerá.