“Sei que vale a pena contar nossas histórias,” Gal Gadot fala sobre ser mulher em Hollywood

  • 17 de janeiro de 2020

Durante o dia de imprensa de Gal Gadot com a Smartwater, o Yahoo Canadá teve a oportunidade de entrevistar a atriz que falou sobre sua nova parceria, suas intenções como produtora e como é ser mulher em Hollywood.

Por Elizabeth Di Filippo.

Gal Gadot está sentada em um sofá branco numa suíte de hotel em Manhattan, pronto para receber uma fila interminável de jornalistas. Apesar da temperatura abaixo de zero, Gadot parece pronta para o verão, vestindo um macacão regata em um tom brilhante de azul.

Na semana passada, a Coca-Cola anunciou que a atriz de 34 anos seria o novo rosto da Smartwater. A mudança marca o fim de uma era, com Gadot substituindo a embaixadora da marca de longa data, Jennifer Aniston, após quase 12 anos.

Este é um grande investimento para a marca, mas se há alguém que possa entregar resultados, este alguém é a Mulher-Maravilha.

Gal eleva o significado de força, beleza e equilíbrio dentro e fora da tela, dando vida ao espírito inteligente, moderno e inovador da marca“, disse Celina Li, vice-presidente de água da Coca-Cola América do Norte em um comunicado à imprensa.

Menos de 24 horas após o anúncio, cheguei a Nova York vindo de Toronto para uma exclusiva do Yahoo Canadá, marcando a única entrevista internacional com Gadot. Esperando no saguão do Four Seasons Hotel, aguardo minha vez, me preparando para nosso encontro. O jazz toca suavemente ao fundo, enquanto funcionários obedientes acompanham os hóspedes, com uma lista de demandas, enquanto carregam bolsas que custam mais do que a minha hipoteca.

Sou levada por funcionários que sussurram por um longo corredor em uma suíte de hotel, não muito diferente daquela cena de Os Bons Companheiros.

Ela está bem ali“, uma mulher diz suavemente. “Isso, apenas continue, ela está logo ali.

Em vez de encontrar um destino como o da Lorraine Bracco, sou recebida por Gadot e convidada a me a sentar para aquela que será sua última entrevista do dia.

Com 1,78 m,, Gadot se sobressai ao resto das mulheres na sala. A ex-miss e o soldada israelense possui uma beleza e confiança desarmantes, com uma simpatia que, de alguma forma, remove qualquer sentimento de intimidação que alguém possa ter em sua presença.

Gadot fala devagar e articuladamente, escolhendo deliberadamente suas palavras com seu sotaque melódico que é sua marca registrada. Além de discutir sua última parceria, descubro rapidamente que Gadot não é a sua típica atriz de Hollywood em busca dos holofotes – ela é uma mulher determinada a alterar o cenário das mulheres no cinema.

Desde que alcançou a fama internacional em 2015, depois de conseguir o papel de Mulher-Maravilha no filme da DC Batman V Superman: A Origem da Justiça, Gadot foi rápida em se estabelecer como além de uma princesa amazona que segura um laço. Depois de reprisar o papel no sucesso de bilheteria de Patty Jenkins em 2017, Mulher-Maravilha e no criticado Liga da Justiça (2018), Gadot ficou determinada em ganhar mais controle. Ela se juntou mais uma vez a Jenkins para a sequência Mulher-Maravilha 1984, que chegará aos cinemas em 4 de junho, dando a Gadot o seu primeiro crédito como produtora.

Isso me dá a oportunidade de me envolver nos estágios iniciais e na visão de um projeto, antes de entrar como atriz e gravar. Para mim, é muito importante como narradora e atriz contar histórias que importam e que me impactam“, ela diz. “Durante muito tempo em Hollywood, senti que os roteiros que recebi eram todos iguais. A mulher era forte e durona, mas estava distante, porque era muito fodona. Para mim, isso não era real. Eu estava procurando por mais, porque sei o que significa ser mulher e sei que vale a pena contar nossas histórias.

A decisão de produzir parece, sob muitos aspectos, uma forma de ativismo para Gadot, que é uma defensora dos direitos das mulheres. Em outubro de 2019, Gadot e seu marido Yaron Varsano fundaram a Pilot Wave Motion Pictures, anunciando planos para produzir projetos centrados em mulheres, incluindo uma minissérie da Showtime sobre a lenda de Hollywood e inventora Hedy Lamar, um longa-metragem sobre a heroína polonesa da Segunda Guerra Mundial, Irena Sendler, e um filme adaptação de All the Rivers, da autora Dorit Rabinyan, que foi banido pelo governo de Israel.

Após o acerto de contas social do movimento Time’s Up, que ganhou atenção internacional graças às vozes de algumas das mulheres mais poderosas de Hollywood, a indústria do entretenimento continua, aparentemente, a ignorar os filmes criados por mulheres.

Tanto o Globo de Ouro quanto o Oscar recusaram diretoras, apesar do fato de que alguns dos filmes mais aclamados pela crítica do ano (Honey Boy, A Despedida, Fora de Série) serem todos dirigidos por mulheres. Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, ganhou seis indicações ao Oscar, incluindo Melhor Roteiro Adaptado e a cobiçada categoria de Melhor Filme, mas de alguma forma foi deixada de fora por seu papel atrás das câmeras, enquanto os meios de comunicação publicaram inúmeras matérias chamando atenção do público masculino por sua relutância em assistir filmes com uma forte personagem principal feminina.

Apesar da falta de progresso e reconhecimento por seu trabalho, Gadot, no verdadeiro jeito de super-herói, permanece inalterada em sua convicção de dar voz às mulheres.

A minha bússola interior é: ‘Vale a pena contar a história ou não?’ Para mim, muitas dessas histórias falam mais alto porque sou mulher, mas todas elas são universais“, ela diz, inclinando-se, pronta para entrar em ação e quebrar o teto de vidro. “Quanto mais oportunidades oferecermos a roteiristas e cineastas para contar histórias protagonizadas por mulheres, melhor será.

As palavras de Gadot estão na minha frente, quase que como um conforto não apenas para mim, mas para quem mais estiver ouvindo.

Vai mudar“, ela diz. “Lentamente.

Quando a conversa se volta para a sua parceria com a Smartwater, Gadot conta que, embora tenha havido “muitos não” para marcas, trabalhar com a Coca-Cola foi um “sim” fácil. Fazendo malabarismo constante entra sua carreira ocupada e cuidar de suas duas filhas que ela tem com Varsano, Gadot chama a ênfase da marca em saúde, bem-estar e sustentabilidade um encaixe natural.

Eu sempre tento encontrar equilíbrio“, ela diz. “Toda mãe que tem uma carreira saberá que é uma luta constante encontrar tempo para tudo, fazer tudo certo e encontrar tempo para você também.

Com uma agenda tão ocupada, que inclui, mas não se limita a dominar o mundo, Gadot credita permanecer fisicamente ativa a ajudá-la a permanecer mentalmente forte. Além de comer bem e beber água, Gadot frequentemente medita; algo que ela revela que pratica com as filhas antes de dormirem todas as noites.

O próximo capítulo de sua carreira parece ilimitado, enquanto Gadot se consolida como uma peça importante e criadora de mudanças da indústria. Por todo o seu sucesso e as oportunidades que estão pela frente, Gadot permanece firme em sua busca por experiências significativas e autênticas.

A minha filosofia é que as coisas simples são as que têm mais impacto. É isso o que me faz feliz. Malhar, comer alimentos saudáveis, beber água, passear na praia, ouvir uma música linda ou abraçar seus entes queridos e estar com eles“, diz ela.

Essas são as coisas que me fazem sentir relaxada e recarregada.

Tradução e adaptação: Gal Gadot Brasil.