LA Times | Gal Gadot e Patty Jenkins são só elogios em entrevista
- 22 de novembro de 2017
Quando Gal Gadot e Patty Jenkins se juntam, é puro amor, mas elas merecem
Por Michael Ordona
A Mulher-Maravilha está prestes a ficar envergonhada.
“Há uma naturalidade na inteligência, no humor e no prazer,” diz a diretora Patty Jenkins, sobre a estrela de Mulher-Maravilha, Gal Gadot, que está sentada ao lado dela no sofá. “Você atingiu todas as notas de força, poder e simpatia, mas há essa outra deliciosa qualidade que a Mulher-Maravilha certa pode trazer, que é que ela está confortável com ela mesma, então ela é capaz de ser engraçada, rápida e brincalhona; [ela tem] esse espírito leve e maravilhoso de uma pessoa generosa. Isso me faz querer assisti-la o dia todo, estar com ela e ser como ela.”
Então, voltando-se para o estilo de luta sem glamour da heroína:
“Uma das minhas coisas preferidas na Gal é…”
“… que ela corre muito engraçado,” interrompe Gadot, para rir.
“… é que você fica fantástica, não importa o que você faça! Eu não me esforçava para fazer ela parecer boa ou ruim, eu podia entender a atuação.”
Com um pouco de constrangimento, a atriz olha para o entrevistador, que não vai discordar do assunto.
“Ela é super talentosa,” diz Gadot sobre a sua diretora, se recuperando. “Quando nos conhecemos pela primeira vez, comemos um sushi muito bom, estávamos falando sobre a vida e o fato de termos essa ferramenta, o título de Mulher-Maravilha, e que tantas pessoas se preocupavam com essa personagem e como estaríamos muito expostas. Ela não queria apenas fazer um filme divertido, ela queria que ele fizesse uma declaração. Vivemos em um mundo tão cínico agora, onde as piadas são rápidas, queríamos dizer algo que fosse verdadeiro, real e muito necessário agora.”
“E ela é uma pessoa maravilhosa,” Gadot diz, rindo, tocando o ombro de Jenkins, “e eu te amo tanto!” As duas riem, se abraçando.
Sim, uma conversa com Jenkins e Gadot é puro amor. Para ser justo, essas duas conseguiram uma volta da vitória.
Há muitas razões pelas quais a amada amazona demorou 75 anos para chegar a telona, mas numa época em que os orçamentos de 150 milhões de dólares são comuns, é difícil explicar educadamente por que nenhuma mulher recebeu as rédeas de um sucesso do tipo até agora. Jenkins é a primeira e é a primeira diretora a ter um filme de ação com arrecadação superior a 800 milhões de dólares (pelo menos 200 milhões de dólares a mais do que o recorde anterior Mamma Mia!), entre os seus muitos recordes de bilheteria.
E, enquanto os filmes anteriores do universo da Liga da Justiça tinham uma média de pontuação no Rotten Tomatoes equivalente a uma surra em um beco escuro (36%), Mulher-Maravilha é um dos filmes mais bem criticados do ano (92%). Dizer que ele foi feito com um toque mais leve é como comparar o shiatsu com a carícia de uma bigorna. Mas não foi apenas o humor e a ausência de filtros verdes escuros: a própria heroína representa um idealismo em falta nos filmes sérios antecessores ao dela.
Jenkins diz, “Isso é algo em que Gal e eu acreditamos, uma super-heroína que é durona, poderosa e todas essas coisas, mas também é amorosa, cuidadosa e gentil.”
Gadot acrescenta, “Ela nunca havia vivido sob qualquer mentalidade social de que os homens são melhores ou mais fortes e as mulheres são inferiores. Ninguém queria mostrar uma personagem que desse sermão e fosse zangada, porém ela está alheia a toda a questão do gênero.”
“Muitas vezes, quando você vai assistir aos filmes, a mulher forte é dura, fria e distante. Nós queríamos torná-la real. As mulheres sempre foram fortes e independentes, mas também [foram] calorosas, amorosas e gentis.”
Gadot cita a insistência de Jenkins na verdade emocional, mesmo nas cenas de luta. A diretora a conduziu para longe da raiva, tornando os chutes e socos apenas um modo para chegar ao final.
“Eu fiz alguns filmes de ação antes,“, diz a estrela de vários filmes da franquia Velozes e Furiosos, bem como Vizinhos Nada Secretos. “Esta foi a primeira vez em que eu pude fazer ação de uma maneira tão emocional.”
Jenkins nunca considerou o gênero como uma limitação à sua mensagem. “Eu só quero fazer coisas bonitas, grandes e poderosas que são divertidas e interessantes, mas têm um impacto na sua vida e podem mudar o mundo,” diz a diretora sobre o plano de sua carreira. “Eu não acho que haja algum gênero que você não possa almejar isso. Eu descobri [em determinados anos] que os documentários foram as coisas mais emocionantes e incríveis; ou que os filmes da Pixar foram as coisas mais incríveis. Não há um gênero para o qual eu esteja fechada. Eu acho que a arte sempre foi assim, as coisas sérias são levadas mais a sério. Mas isso não significa que seja verdade e não penso nisso dessa maneira.”
A positividade do filme pode ser um dos fatores que o separa de seus iguais e a dê uma força para a temporada de prêmios.
“No outro dia, em uma sessão de perguntas e respostas na SAG, um membro disse que a sobrinha dele perdeu as duas pernas. Acho que ela tem 7 anos e assiste Mulher-Maravilha todos os dias e é assim que ela ganha poder e força,” Gadot diz. “É extraordinário.”
Jenkins diz, “Todos têm uma Mulher-Maravilha dentro deles, independente do gênero.”
“Quando eu estava no DGA, um cara que tinha espinha bífida e que estava em uma carreira de rodas disse, ‘Passei toda a minha juventude com uma camisola, nu, sendo espetado e cutucado, não tendo controle. Quando ela tira o manto dela e entra [no campo de batalha] vestindo tão pouco, o quão vulnerável ela estava, mas ainda assim tão forte…’”
“Foi muito emocional para ele.”
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