Time Magazine: A Mulher-Maravilha abre caminho

  • 19 de dezembro de 2016

A revista Time publicou um artigo sobre o controverso assunto envolvendo a Mulher-Maravilha, a ONU e algumas funcionárias da entidade que se opuseram, através de um abaixo assinado, ao seu título de Embaixadora Honorária Para o Empoderamento das Mulheres e Garotas, dado a Princesa Amazona em outubro.

A matéria não só conta um pouco da história da personagem, desde o seu surgimento, até sua chegada ao cinema, mas também mostra a opinião de Gal Gadot e Patty Jenkin, quando o assunto é o empoderamento feminino e a Mulher-Maravilha.

Junto com a matéria, uma nova foto promocional de Mulher-Maravilha foi divulgada, assim como uma foto de uma sessão de fotos de Gal Gadot realizada em outubro, na Califórnia.

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Confiram a matéria traduzida pela equipe do Gal Gadot Brasil.

Ela foi sufragista, soldada e um simbolo sexual. Porém demorou 75 anos para trazer a super-heroína mais famosa do mundo para a telona. Porque precisamos da Mulher-Maravilha agora.

No início deste ano, as Nações Unidas decidiram nomear a Mulher-Maravilha como embaixadora honorária, antes do primeiro longa-metragem da personagem de história em quadrinhos de 75 anos de idade. Este título havia sido concedido anteriormente a Winnie the Pooh (Ursinho Puff) e ao Angry Bird vermelho sem muita comoção. Mas, desta vez, a ONU nomeou uma gostosona com peitos como Embaixadora Honorária para o Empoderamento das Mulheres e Garotas. Os assessores de imprensa da ONU fizeram uma cerimônia em outubro, na sede da organização, em Nova York, para honrar a personagem de histórias em quadrinho, assim como Gal Gadot, a atriz israelense que interpretou a Mulher-Maravilha no filme Batman v Superman e reprisará o papel no próximo verão (inverno no hemisfério Sul).

O tiro saiu pela culatra. Enquanto Gadot cumprimentava dezenas de meninas em idade escolar animadas, os adultos sentados atrás delas levantaram os punhos e deram as costas. Do lado de foram, cerca de 100 funcionários da ONU se reuniram em protesto. Mais de 600 deles haviam assinado uma petição que se opunha a “uma mulher branca com grandes peitos e proporções impossíveis” e “o epítome de uma pinup” se tornar o símbolo oficial do poder feminino. Dois meses depois, os privilégios de embaixadora da Mulher-Maravilha foram retirados sem cerimônia, dando início a uma nova rodada de aplausos e vaias.

A Mulher-Maravilha já viu tudo isso antes. Desde a sua criação, a super-heroína mais reconhecida do mundo tem sido fonte de controvérsias, com seus valores e significados mudando com o tempo. Ela foi uma sufragista, um simbolo sexual, uma soldada e Presidente dos Estados Unidos. Ao longo do tempo, a Mulher-Maravilha mudou de traje dezenas de vezes, com a barra de sua saia subindo, descendo e subindo de novo.

Mas a mulher que agora interpreta ela ainda não se acostumou com a crítica mordaz. “Há tantas coisas horríveis acontecendo no mundo e é isso que vocês estão protestando, sério?” Gadot pergunta, refletindo sobre a comoção da ONU. A Warner Bros contratou, talvez, a única atriz no mundo que, assim como a Mulher-Maravilha, é tanto uma modelo quanto uma soldada: Gadot ganhou o título de Miss Israel em 2004 e serviu o Exército de Israel. Mas isso não quer dizer que a mulher de 31 anos não tenha ficado confusa com os persistentes debates quanto a aparência da Mulher-Maravilha – e ao assédio sexual e anti-semita que Gadot recebeu online durante os últimos dois anos. “Quando as pessoas argumentam que a Mulher-Maravilha deveria se ‘cobrir’, eu não entendo,” ela diz. “Eles falam, ‘Se ela é inteligente e forte, ela não pode ser sexy.’ Isso não é justo. Por que ela não pode ser tudo?

Esta pergunta está na mente dos executivos do estúdio que esperam que, após uma década de homens brancos dominando o boom de filmes de histórias em quadrinhos, os espectadores estão prontos para algo novo. As super-heroínas não tiveram muito registro de bilheteria, em partes por conta da relutância dos estúdios de cinema personagens principais femininas para a leta. A lógica deles foi que o alvo demográfico – os meninos adolescentes – não iriam querer ver uma mulher lutar. Uma série de filmes que não deram certo no início do ano 2000, como ElektraCatwoman, não ajudou. Enquanto Batman teve nove filmes e Superman sete, Mulher-Maravilha não teve nenhum.

Alguns dos diretores mais poderosos de Hollywood tentaram. Joss Whedon (Os Vingadores), George Miller (Mad Max) e Paul Feig (Os Caça-Fantasmas) todos falharam em levar a princesa Amazona para a telona. Em junho, será uma mulher, Patty Jenkins (uma das primeiras mulheres a dirigir um filme com orçamento acima de 100 milhões de dólares) que finalmente lançará um filme da Mulher-Maravilha. Muito mais do que dinheiro está em jogo: se Mulher-Maravilha der certo, isso pode mudar os tipos de modelos que encontramos em filmes.

Seguir a evolução da Mulher-Maravilha é traçar a trajetória do movimento feminino na América. O homem que a criou em 1941, William Moulton Marston, foi um femininista, um psicólogo e o inventor do detector de mentiras. Marston criou a Mulher-Maravilha como uma alternativa aos quadrinhos de heróis masculinos agressivos e com a aprovação dos pais. Batman carregava uma arma e Superman estava muito próximo do Übermensch alemão, o conceito que Adolf Hitler usava para descrever sua fantasia de raça ariana “biologicamente superior”. O que os quadrinhos precisavam, pensou Marston, era um herói que representaria a posição da América na guerra: um patriota motivado a proteger os inocentes.

A Mulher-Maravilha de Marston nasceu Princesa Diana na ilha fictícia só de mulheres, Themyscira, e treinou como uma guerreira amazona. O seu primeiro contato com os homens foi quando um soldado americano, Steve Trevor, foi levado à terra após um acidente aéreo. Diana viajou para os Estados Unidos com ele e lutou na Segunda Guerra Mundial. Suas armas eram de defesa: braceletes capazes de desviar balas e o Laço da Verdade, o que lhe permitia obter informações (ela adquiriu a sua espada apenas nos anos 1980). Ela e o capitão armado de escudo, Capitão América, foram lançados com meses de diferença um do outro.

Marston também queria criar um ícone para as garotinhas. “Nem mesmo as meninas querem ser meninas enquanto o nosso arquétipo feminino falta força, resistência, poder,” ele escreveu em um artigo de revista em 1943. “As qualidades fortes das mulheres foram desprezadas por causa de suas qualidades fracas. O remédio óbvio para isso é criar uma personagem com toda a força de Superman com todo o fascínio de uma mulher boa e bonita.” O resultado foi uma mulher que lutou ao lado dos soldados e, em 1943, se candidatou a Presidência dos Estados Unidos contra o seu interesse amoroso Steve e o Partido Man’s World, e ganhou.

Sua aparência foi questão de debate desde o início. Marston foi inspirado nas pinups que adornavam os quartéis dos soldados. Em quase todas as histórias, a Mulher-maravilha se encontrava, em algum momento, amarrada em correntes – uma imagem que Marston dizia ser essencial para a narrativa maior de se libertar do patriarcado. (Os editores dele se preocupavam que isso era muito pervertido, mas deixaram para lá.)

Para esse fim, o ilustrador da Mulher-Maravilha, Harry G. Peter, imitou mulheres amazonicas esculpidas desenhadas durante a década de 1910 pela artista Annie Lucasta Rogers. “Mulheres amazônicas quebrando correntes e usando tiaras, que era o vocabulário visual do feminismo e do sufrágio“, diz a historiadora Jill Lepore, que escreveu The Secret History of Wonder Woman. Marston acreditava que a atratividade da Mulher-Maravilha fazia parte de seu poder, prevendo o feminismo positivo ao sexo de futuros ícones como Lady Gaga e Beyoncé.

Após a morte de Marston, em 1947, a Mulher-Maravilha evoluiu – ou regrediu – dependendo do seu editor. Quando a guerra terminou e os homens retornaram as linhas de frente, muitas das mulheres que ocupavam o cargo deles nas fábricas foram mandadas embora. Assim, a Mulher-Maravilha foi rebaixada de super-heroína para babá e modelo. Uma capa de 1949 mostra Steve carregando a Mulher-Maravilha, agora usando sapatilhas delicadas, em vez de suas botas prontas para o combate, em um lago. As laterais dos quadrinhos que destacavam as figuras feministas históricas foram substituídas por colunas de conselhos de casamento.

Em 1972, a Mulher-Maravilha passou por um ressurgimento, quando Gloria Steinem a colocou na primeira capa da revista feminista Ms. A manchete, “Mulher-Maravilha para Presidente“, foi, em parte, um retorno a história original de Marston. Alguns anos mais tarde, ela conseguiu uma série de TV estrelada por Lynda Carter. “Eles não achavam que uma mulher conseguisse manter sua própria série de TV, então eles tiveram muita dificuldade com as redes (de TV),” diz Carter. A série ficou na ABC por uma temporada e na CBS por outras duas. Ela teve tanto sucesso que na audiência que Carter leva crédito por abrir caminho para séries de TV subsequentes, como Charlie’s Angels.

A mensagem era confusa. A primeira tomada de Carter como Mulher-Maravilha, por exemplo, mostra ela saltitando por uma praia em uma curta camisola lilás do tipo que uma Bond Girl usaria. No entanto, quando ela encontra Steve inconsciente, ela o pega no colo e o carrega até local seguro.

No entanto, a série causou uma impressão em uma geração de garotas, incluindo a futura diretora Jenkins, que carregava um caderno da Mulher-Maravilha por aí na escola primária. “Nós sempre brigávamos no recreio sobre quem seria a Mulher-Maravilha, porque ela era a única super-heroína que conhecíamos,” Jenkins diz. “Então era brincar de ser Mulher-Maravilha ou não brincar.”

Na década de 1980, a heroína desapareceu da televisão, mas a versão dos quadrinhos ganhou um cenário moderno e uma estrutura mais musculosa. Na década de 1990, ela foi equipada com um traje de couro preto justo, em uma tentativa de atrair mais leitores. Na década de 2000, seus enredos enfrentaram questões como estupro. Ao longo de todo, um punhado de projetos da Mulher-Maravilha rondaram Hollywood, com nomes como Jennifer Aniston e Sandra Bullock alegadamente anexado a eles. Nenhum deles conseguiu se materializar, até agora.

Jenkins teve muito tempo para pensar sobre como ela faria um filme da Mulher Maravilha: ela começou a considerar a ideia depois que seu filme Monster: Desejo Assassinotrouxe um Oscar a Charlize Theron, em 2004 e estabeleceu Jenkins como uma das diretoras mais conhecidas de Hollywood. Jenkins foi contratada, em 2011, para dirigir a sequênciade Thor. Ela teria sido a primeira mulher a dirigir um filme da Marvel, ou qualquer filme de super-heróis, mas ela e o estúdio se separaram por conta de “diferenças criativas”, naquele ano. Jenkins se recusa a discutir a experiência, exceto para expressar apreço pela Marvel por ter contratado uma diretora – mesmo que um homem tenha acabado dirigindo o filme.

Desde que Homen de Ferro entreou, em 2008, a Marvel e a sua empresa-mãe, Disney, têm produzido cerca de dois filmes de super-heróis por ano, arrecadando mais de 8.3 bilhões de dólares no mundo todo. Em uma tentativa para recuperar o atraso, a Warner Bros., dona da rival DC Entertainment, lançou um esforço ambicioso de fazer, pelos menos, 10 novos filmes baseados no Batman, Superman e no resto dos heróis e vilões da Liga da Justiça nos próximos 5 anos.

Mas ambos os estúdios perceberam, ultimamente, que, para continuar alimentando o boom de super-heróis, eles terão de encontrar protagonistas mais diversos. Os fãs vêm pedindo, tanto na mídia social, como durante as sessões de perguntas e respostas na San Diego Comic-Con, a convenção anual de cultura pop que atrai mais de 130 mil fãs, por personagens que se parecem mais com eles. A Marvel, desde que se juntou à Disney, estreará seu primeiro filme de super-heróis com um protagonista negro, Black Panther, em 2018. Mas a Warner vai bater o filme do seu rival com a sua primeira super-heroína, Capitã Marvel, em dois anos.

Mulher-Maravilha, certamente será diferente de qualquer outro filme de quadrinhos. Ele acontece durante a Primeira Guerra Mundial, no mesmo período dos movimentos de sufrágio americano e britânico. Robin Wright interpreta uma mentora amazônica e Connie Nielsen é a mãe da Mulher-Maravilha. Quando seu paraíso é atacado por homens com armas, as mulheres guerreiras lutam com flechas. Mais tarde, a Mulher-Maravilha viaja com Steve, disfarçando-se de sua secretária, para se juntar aos Aliados. Seu laço brilha contra o fundo cinza das trincheiras da guerra.

Para recriar o paraíso feminino de Themyscira, Jenkins e seus produtores levaram dezenas de atrizes e dublês para uma cidade na Itália chamada Happy Village. “Parecia uma fazenda coletiva, todos nós vivendo em pequenos bangalôs, era lindo e natural, sem carros“, diz Gadot. “Tínhamos todas essas mulheres armadas lutando na praia e, enquanto isso, todos os homens, maridos e namorados, andavam por aí com carrinhos de bebês e cuidavam das crianças“. Jenkins diz que isso deu o tom para o filme. “Não foi apenas um encontro de mulheres bonitas“, acrescenta. “Era, exclusivamente, mulheres duronas e interessantes.

A história única da Mulher-Maravilha e a pressão dos fãs para acertar significou que os cineastas tiveram que andar com cuidado. Steve, interpretado pela estrela de Star Trek, Chris Pine, precisava ser compassivo, mas não sem vigor. “Afinal de contas, nenhum de nós quer se apaixonar por alguém que não é grandioso por direito próprio“, diz Jenkins. E eles tiveram que encontrar compaixão em uma deusa e uma narrativa atraente para uma personagem que está mais interessadana paz do que no conflito. Batman, com sua constante ansiedade moral, sempre foi mais interessante do que, digamos, o bom Capitão América.

Jenkins inspirou-se no filme de Superman de 1978, estrelado por Christopher Reeve. Como Marston, ela queria fazer da Mulher-Maravilha uma personagem em quem se espelhar. Os heróis que os estúdios colocam na tela podem determinar se uma criança se vê como uma protagonista ou uma ajudante – e ainda não existe uma figura semelhante ao Superman para as meninas. O fato de que uma mulher poderia ter o mesmo diálogo impassível que o Superman tem por anos, Jenkins acreditava, faria a personagem se destacar. “Passamos anos tratando os heróis masculinos de certas maneiras“, diz ela. “Eu apenas apliquei essas mesma figura de linguagem para ela e todos esses incríveis momentos radicais, de repente, aparecem para um público.”

Gadot acha que o maior desafio foi provar que a personagem poderia exalar tanto força como compaixão, características que, muitas vezes, são opostas. “Sabíamos que seria complicado. Queríamos encontrar o equilíbrio entre mostra-la confiante e forte, feminina e calorosa,” ela diz. “Eu não queria que ela fosse prepotente. Eu não queria que ela fosse mandona. Você pode ser poderosa, mas também amável.

Depois, houve a questão do traje. A versão do filme parece muito mais pronta para a guerra do que a que Carter usava na série de TV. Ainda assim, os críticos foram rápidos em notar que a Mulher-Maravilha luta em um top e uma saia, enquanto o corpo de seu aliado, Batman, está completamente coberto, salvo pela sua boca e seus olhos. Gadot admite que ela quase congelou durante a gravação no inverno, em Londres. Greg Rucka, que atualmente escreve um dos quadrinhos da Mulher-Maravilha, diz que a roupa da personagem tem sido calorosamente debatida durante seu mandato na DC. “Eu fico frustrado quando me é dado [uma ilustração de] Diana em saltos de 8 centímetros, porque ela não pode lutar assim. É mais fácil que ela voe do que lute em saltos de 8 centímetros ou shorts fio-dental“, diz ele. “Eu gosto do traje do filme, pois Gal realmente pode correr, pular e chutar nele.”

Gal Gadot está tão perto de encarnar uma ídola da Amazônia na vida real quanto você pode imaginar. Ela competiu em um concurso de Miss Universo (de propriedade e produzido por Donald Trump) e – como seu avô sobrevivente do Holocausto e seus pais – ela serviu no exército israelense como parte do recrutamento obrigatório do país. Como Mulher-Maravilha, ela se considera pacifista: “Eu sei que soa brega, mas eu gostaria que nós nem precisássemos ter um exército“, ela diz. Se a encarnação original da Mulher-Maravilha cumprimentou a todos os que ela conheceu com amor, Gadot solta elogios aos garçons, que os fazem corar, e se aproxima para contar piadas a desconhecidos.

Ela vê seu trabalho, em parte, como um esclarecimento da mensagem de empoderamento da Mulher-Maravilha. “Acho que as pessoas levam para o lado errado quando eu digo que sou uma feminista“, ela diz. “O feminismo não se trata de queimar sutiãs e odiar os homens. Trata-se de igualdade de gênero. Quem não é feminista é chauvinista.

Gadot passou os últimos dois anos na Comic-Con enfatizando a importância de figuras femininas fortes na vida dos meninos, também – incluindo um momento fora do roteiro, em 2015, quando ela disse a um jovem garoto que contou que foi intimidado por usar roupas da Mulher-Maravilha que ele era “mais homem” por amar e apoiar as mulheres. “Precisamos educar os meninos, mostrar aos rapazes mulheres fortes em posições de poder“, ela diz. “Trata-se de expandir as possibilidades do que as mulheres podem ser. Eu sei que eu não conseguiria fazer isso sem o meu marido,” o imobiliário desenvolvedor israelense, Yaron Varsano.

A reação contra Gadot reflete muito o abuso sofrido por outras mulheres que estão no centro das atenções – de Susan B. Anthony a Hillary Clinton. “Você viu os comentários que eu recebi dos fãs depois que eles me deram esse papel?” Gadot pergunta. “Eras todos sobre os meus seios e o meu traseiro serem, literalmente, muito pequenos.” Ela respondeu com inteligência, em um momento, dizendo que as verdadeiras Amazonas cortar um dos seus seios, a fim de disparar flechas melhor.

Um biógrafo de Marston, Lepore faz uma comparação com os comentários sobre o corpo de Gadot à resistência contra as mulheres fortes ao longo da história. “Eu não invejo a posição de Gal Gadot. Não acho que tenha sido um acidente, por exemplo, que as fotografias nuas de Jennifer Lawrence foram hackeadas após ela estrelar Jogos Vorazes“, ela diz. “Esta é a velha jogada para diminuir uma mulher poderosa e colocá-la de volta em sua posição adequada: reduzi-la a sua aparência.

Esse é o paradoxo da Mulher-Maravilha: não são apenas os trolls da Internet e os zelosos fãs de quadrinhos que têm problemas com ela (ou a atriz que a interpreta). Alguns dos críticos mais ardentes da Mulher-Maravilha são as mesmas pessoas que querem, desesperadamente, ver ícones feministas mais populares, mas não podem ignorar as maneiras pelas quais a personagem fica aquém de uma embaixadora para as mulheres. Sem dúvida, se você pedisse a uma feminista contemporânea que ela escrevesse uma nova super-heroína, ela provavelmente não seria nada como a Mulher-Maravilha. E ainda assim, este verão, dependerá de uma figura cheia de defeitos quebrar o equivalente a um teto de vidro dos super-heróis.

Quando a Warner Bros. estreou o primeiro trailer deMulher-Maravilha, em Julho do ano passado, na Comic-Con, muito do que brilhou na tela seguiu ritmos familiares: um cara mau surge com uma nova arma terrível. O destino da humanidade está ameaçado. Um novo herói se adapta à batalha. Mas então, algo inesperado: Steve se vira para a Mulher-Maravilha e diz: “Eu não posso deixar você fazer isso.” Ela faz uma pausa e depois calmamente responde: “O que eu faço não depende de você.” O resto do trailer foi completamente afogado pelo som de milhares de fãs gritando de alegria.

A matéria será publicada na revista Time de 26 de dezembro de 2016.